Ensino Superior

O professor universitário precisa de pós-graduação?

Nova lei que entrou em vigor em março impede que universidades federais exijam titulações de mestrado e doutorado em concursos para docentes. A medida, que deve ser revista pelo governo, reascende o debate sobre o perfil ideal do professor no ensino superior
Uma lei de iniciativa do Governo Federal, que entrou em vigor em março deste ano, reascendeu a discussão sobre a importância da pós-graduação para que um docente lecione no ensino superior. O texto do Ministério da Educação proíbe que as universidades federais exijam como requisito para a inscrição em seus concursos as titulações de mestrado e doutorado. Na prática, quem tiver apenas o diploma de graduação pode disputar agora todas as novas vagas para professores. Questionado por dirigentes de universidades sobre a nova regra, o governo afirmou que deve voltar atrás, permitindo que as universidades exijam as titulações.
Apesar do impasse jurídico, a medida trouxe rápidos resultados práticos pelo país – de aceitação e de protesto. Aderindo à nova legislação, a Federal de Santa Catarina abriu no fim de março 200 vagas para candidatos que tivessem, no mínimo, diploma de graduação. Já a Federal de Pernambuco suspendeu todos seus processos de contratação e emitiu uma nota de repúdio à nova regra. Se, para alguns, a lei serviu para abrir portas a profissionais qualificados, para outros, ela ameaça a qualidade do ensino universitário.
Por ser estadual, a USP não se enquadra no novo regulamento. Mesmo assim, sua aprovação voltou a alimentar o debate sobre o perfil ideal de um professor de universidade pública. O profissional sem pós-graduação tem formação e conhecimento teórico suficientes para lecionar no ensino superior? Ele tem algo para oferecer ao estudante universitário que mestres e doutores não possam oferecer com mais qualidade?
Aperfeiçoamento
Com a implantação da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), no começo da década de 1950, foram concedidas as primeiras 79 bolsas de estudo de pós-graduação no país. Para a médica, pesquisadora e pró-reitora de Graduação Telma Maria Zorn, “a criação da pós-graduação deu um impulso extraordinário e foi o que fez o Brasil crescer tanto quanto cresceu”. Atualmente, segundo dados da GeoCapes, o número de estudantes de pós-graduação no Brasil chega perto dos 200 mil, entre alunos de mestrado e doutorado.
Mas a formação de pesquisadores qualificados não representa necessariamente a formação de docentes aptos à prática pedagógica. Segundo Telma, tanto a Capes quanto a USP têm trabalhado de forma a reconhecer a importância na formação do docente universitário, como é o caso do PAE (Programa de Aperfeiçoamento de Ensino), que dá aos pós-graduandos uma aproximação com a função. Mas na prática não é bem assim. A pesquisa científica na pós-graduação, cada vez mais verticalizada e fragmentada, acaba por afastar os pós-graduandos das salas de aula, além de restringirem muitas vezes o ensino às linhas de pesquisa nas quais tornaram-se especialistas.
Para contornar a relação entre ensino e pesquisa, a USP tem discutido a criação de um programa de recepção dos jovens docentes ingressantes na carreira. Segundo Telma, este programa estimularia os departamentos a darem suporte não só na questão de adaptá-los à graduação, começando com uma carga horária menor para o ensino, mas também para orientá-los sobre o funcionamento da universidade. “Teoricamente, esse doutor jovem deveria estar pronto para tudo, mas, na pós-graduação, ele não tem essa oportunidade”, afirma. “Isso é extremamente importante, principalmente nas áreas em que a interdisciplinaridade é mais valiosa para a pesquisa.”
Carreira científica
Dados publicados pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, mostram que do total de mestres formados entre 1996 e 2009, cerca de 40% estão empregados no setor de educação. Dos doutores, 80% estão no ramo.
Esta busca pela carreira de professor pelos pós-graduandos recém formados, no entanto, é alvo de críticas por parte da pró-reitora de graduação da USP. Segundo ela, “professores contratados que acabaram de concluir a pós-graduação saem, muitas vezes, com pouca experiência para dar aulas”.
O valor da prática
Para o ex-professor de Jornalismo da ECA (Escola de Comunicações e Artes) e diretor da Oboré, Sérgio Gomes, a restrição do ensino a professores com titulações acadêmicas acaba impedindo que grandes profisionais dêem aula. “Se traçarmos um ranking dos cem jornalistas mais premiados do país, garanto que mais de 80% não dão ou nunca deram aula. Em parte, porque eles não puderam fazer carreira acadêmica”, afirma. Segundo Gomes, há aí uma grande contradição. “A universidade exige títulos de natureza acadêmica para um tipo de professor que, para ser um grande professor, não poderia ter gastado tanto tempo com carreira acadêmica”.
A ausência de profissionais mais práticos nas salas de aula cria, segundo o jornalista, uma lacuna entre o estudante que se forma e seus concorrentes no mercado. “Quantos professores hoje têm experiência de redação? Quantos não trabalham contra o relógio há mais de cinco anos?”, questiona.
Apesar de ser contra a exigência de pós, Gomes não descarta a importância da formação teórica dos professores. “Não faço defesa do anti-intelectualismo. Muito pelo contrário. Acho extremamente importante ser reflexivo. Mas há grandes profissionais que produzem conhecimento também fora das universidades.”
Telma Maria Zorn concorda que a universidade precisa valorizar mais a prática. Como exemplo, ela cita a Faculdade de Medicina, que tem poucos professores em regime de dedicação integral em pesquisa e docência (RDIPD) em seu quadro. “Os docentes precisam atender pacientes para saber ensinar seus alunos. O profissional que fica só dentro da universidade não tem essa prática”, afirma.
Pesquisa acadêmica
Para o ex-professor da Faculdade de Educação, Antônio Joaquim Severino, é na pós-graduação que o docente universitário tem seu mais importante contato com a pesquisa teórica e prática. “Quando se exige a titulação, não se está cobrando uma posição acadêmica, um status, mas uma experiência de construção de conhecimento”, explica.
Em seu artigo “Ensino e pesquisa na docência universitária: caminhos para a integração”, Severino considera que a docência universitária não deve ser praticada como uma mera extensão da pesquisa, e sim como um processo contínuo de desenvolvimento do saber. “O mínimo que se exige de um professor é que ele acompanhe o desenvolvimento do saber de sua área, mas, além disso, impõe-se a postura investigativa porque o conhecimento é um processo de construção”.


Ciência Brasileira

No curto intervalo de duas décadas, entre 1981 e 2000, o Brasil passou da 28ª para 17ª posição no ranking mundial de produção de ciência. Os dados, relativos à elaboração de artigos científicos, são do Institute for Scientific Information (ISI), entidade de reconhecido prestígio em bibliometria.
Nesta posição, o Brasil está à frente da Bélgica, Escócia e Israel, entre outros, e bem próximo da Coréia do Sul, Suíça, Suécia, Índia e Holanda.
O avanço da pesquisa científica brasileira, apesar de dificuldades históricas que ainda permanecem, resulta de iniciativas tomadas há meio século, especialmente com a constituição do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), principal agência nacional de fomento.
Nos anos 60, além da criação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), também foram implantados vários cursos de pós-graduação destinados à formação de novos pesquisadores. Desde então, novas agências estaduais de apoio à pesquisa foram instaladas e fortalecidas. E, em meados dos anos 80, a criação do Ministério da Ciência e Tecnologia enfatizou a política científica e definiu áreas estratégicas para investimento e apoio.
Entre as dificuldades que ainda emperram o desenvolvimento da ciência no Brasil estão a concentração das investigações em universidades e institutos públicos, com uma contrapartida pouco significativa da iniciativa privada, além do fluxo irregular de recursos financeiros.
Os cenários mais recentes, no entanto, acenam com perspectivas promissoras em relação a estas limitações. Empresas privadas estão se dando conta de novas perspectivas de negócios envolvendo pesquisa, desenvolvimento e aplicação. Do lado dos financiamentos públicos, os fundos setoriais – percentual de recursos obtidos com atividades como exploração de petróleo e energia elétrica, entre outros – devem ampliar sensivelmente os financiamentos destinados à pesquisa científica.
Por incrível que pareça, um novo desafio do Brasil é incorporar sua grande quantidade de doutores no mercado de trabalho. Um expediente usado até agora vem sendo a concessão de bolsas de pesquisa. Mas essa é uma situação improvisada que não pode continuar. As universidade públicas dispõem de cerca de 6 mil vagas, das quais apenas 2 mil deverão ser preenchidas no curto prazo. O país precisa dessa mão-de-obra altamente qualificada. Para que ela tenha um horizonte profissional é necessária maior audácia da iniciativa privada.
O Fundo Verde Amarelo vai financiar a formação de recursos humanos, área em que o Brasil vem tendo progresso significativo. Os dados relativos a 2002 estimam em 110 mil o contingente de estudantes em cursos de pós-graduação (mestrado e doutorado). Ao longo do ano 2000, segundo dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), foram formados 5.344 novos doutores. Em 2001, este número subiu para 6.300. Os mestres, que foram 18.374 em 2000, superaram os 20 mil no ano passado.
Astronomia, biotecnologia, física, medicina e pesquisa agrícola são alguns dos segmentos com desenvolvimento acelerado, projetando o país no cenário internacional. No entanto, outras áreas, como a matemática, de que parte destas pesquisas dependem, ainda não dispõem da quantidade desejável de pesquisadores.
Enquanto comemora conquistas recentes em genômica e ingressa no novíssimo campo da proteômica, o Brasil faz planos para desenvolver, rapidamente, também o segmento da nanotecnologia.
Existe uma demanda não atendida de ensino superior no Brasil, mas esta situação vem mudando. Em 1981, perto de 1,4 milhão de estudantes estavam matriculados nas redes pública e privada de ensino superior. Em 1994, este número subiu para 1,7 milhão e, em 1999, passou para 2,4 milhões. Apenas entre 1994 e 1999, houve um crescimento de 58,1% nos números do ensino privado. O cenário atual prevê um ligeiro e crescente aumento de pesquisas na rede privada, com a incorporação de doutores aposentados precocemente do setor público.

Brazilian science and technology

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The airplane Embraer 190 produced in Brazil.


Internal view of Embraer 120 airplane produced in the city of São José dos Campos.

Brazilian science and technology have achieved a significant position in the international arena in the last decades. The central agency for science and technology in Brazil is the Ministry of Science and Technology, which includes the CNPq and Finep. This ministry also has direct supervision over the National Institute for Space Research (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE), the National Institute of Amazonian Research (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA), and the National Institute of Technology (Instituto Nacional de Tecnologia - INT). The ministry is also responsible for the Secretariat for Computer and Automation Policy (Secretaria de Política de Informática e Automação - SPIA), which is the successor of the SEI. The Ministry of Science and Technology, which the Sarney government created in March 1985, was headed initially by a person associated with the nationalist ideologies of the past. Although the new minister was able to raise the budget for the science and technology sector, he remained isolated within the government and had no influence on policy making for the economy.
With the new ministry, the science and technology agencies increased in size but lost some of their former independence and flexibility, and they became more susceptible to patronage politics. Most of the resources of the CNPq were channeled to fellowship programs that had no clear procedures for quality control and no mechanisms to make the fellows active in the country's science and technology institutions. New groups competed for resources and control of the country's agencies of science, technology, and higher education. These groups included political parties, unionized university professors and employees, scientific societies, and special interest groups within the scientific and technological community. The SBPC (Brazilian Society for Scientific Development) shed its image as a semi-autonomous association of scientists to become an active lobbyist for more public resources and the protection of national


http://en.wikipedia.org/wiki/Brazilian_science_and_technology 

Ciência e tecnologia do Brasil

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A ciência e a tecnologia do Brasil conseguiram nas últimas décadas uma posição significativa no cenário internacional.
O Brasil tem o mais avançado programa espacial da América Latina, com recursos significativos para veículos de lançamento, e fabricação de satélites.[2][3] Em 14 de Outubro de 1997, a Agência Espacial Brasileira assinou um acordo com a NASA para fornecer peças para a ISS.[4] Este acordo possibilitou ao Brasil treinar seu primeiro astronauta. Em 30 de março de 2006 o Cel. Marcos Pontes a bordo do veículo Soyuz se transformou no primeiro astronauta brasileiro e o terceiro latino-americano a orbitar nosso planeta.[5]
O urânio enriquecido na Fábrica de Combustível Nuclear (FCN), de Resende, no estado do Rio de Janeiro, atende a demanda energética do país. Existem planos para a construção do primeiro submarino nuclear do país.[6] O Brasil também é um dos três países da América Latina[7] com um laboratório Síncrotron em operação, um mecanismo de pesquisa da física, da química, das ciências dos materiais e da biologia.[8] Segundo o Relatório Global de Tecnologia da Informação 2009–2010 do Fórum Econômico Mundial, o Brasil é o 61º maior desenvolvedor mundial de tecnologia da informação.[9]

Índice

História

A produção científica brasileira começou, efetivamente, nas primeiras décadas do século XIX, quando a Família Real Portuguesa, chefiada por Dom João VI, chegou no Rio de Janeiro, fugindo da invasão do exército de Napoleão em Portugal, em 1807. Até então, o Brasil era uma colônia portuguesa, sem universidades e organizações científicas, em contraste com as ex-colônias americanas do império espanhol, que apesar de terem uma grande parte da população analfabeta, tinham um número considerável de universidades desde o século XVI.[10][11]
A pesquisa tecnológica no Brasil é em grande parte realizada em universidades públicas e institutos de pesquisa. Alguns dos mais notáveis polos tecnológicos do Brasil são os institutos Oswaldo Cruz, Butantan, Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e o INPE.

Cronologia

Organização


Centro de Lançamento da Barreira do Inferno, primeira base de lançamento de foguetes do Brasil e da América do Sul.
O Brasil tem hoje uma organização bem desenvolvida da ciência e da tecnologia.
A pesquisa básica é realizada pela maior parte em universidades, centros e institutos públicos de pesquisa, e em alguma em instituições particulares, particularmente em ONGs. Os agradecimentos aos regulamentos governamentais e os incentivos, de qualquer forma, desde os anos 1990 têm crescido também nas universidades e nas companhias particulares. Consequentemente, mais de 90% dos financiamentos para a pesquisa básica vem das fontes governamentais.
A pesquisa, a tecnologia e a engenharia aplicadas são realizadas também pela maior parte nas universidades e nos sistemas dos centros de pesquisa, em contra-partida, mais países desenvolvidos tais como os Estados Unidos, a Coreia do Sul, a Alemanha, o Japão, etc. As razões são muitas, mas principais são:
  • Poucas companhias particulares brasileiras são competitivas e bastantes ricas para ter seu próprio R&D&I, desenvolvem geralmente produtos por meio de transferência de tecnologia de outras companhias, as geralmente estrangeiras;
  • O setor privado altamente tecnológico no Brasil é dominado pelas grandes companhias multinacionais, que têm geralmente seus centros de R&D&I no ultramar, e, com algumas exceções, não investem em suas filiais brasileiras.
Entretanto, há uma tendência significativa que inverte esta agora. As companhias tais como Motorola, Samsung, Nokia e IBM estabeleceram centros grandes de R&D&I no Brasil, começando com IBM, que tinham estabelecido um centro de pesquisa IBM no Brasil desde os anos 1970. Um dos fatores de incentivo para este, além do custo relativamente mais baixo, a sofisticação e as elevadas habilidades da força de trabalho técnica brasileira, foi a chamada de lei da Informática ou da Ciência da Informação, que dispensa de determinados impostos até 5% do rendimento bruto da elevação - companhias de manufatura da tecnologia nos campos das telecomunicações, dos computadores, da eletrônica digital, etc. A lei atraiu anualmente mais de 1.5 bilhão dólares do investimento em companhias multinacionais brasileiras de R&D&I. Descobriram também que alguns produtos e tecnologias projetados e desenvolvidos por brasileiros têm um competitividade agradável e estão apreciados por outros países, tais como automóveis, avião, software, fibras ópticas, dispositivos elétricos, e assim por diante.
Durante os anos 1980, o Brasil perseguiu uma política do protecionismo na computação. As companhias e as administrações foram obrigadas a usarem o software e a ferragem brasileiras, com o assunto das importações à autorização governamental. Isto incentivaram o crescimento de companhias brasileiras mas, apesar de seu desenvolvimento dos produtos como MSX clones, clones de consoles da Nintendo e o SOX Unix, os consumidores brasileiros de computação eram prejudicados por causa da pouca oferta comparada aos concorrentes estrangeiros. O governo pouco a pouco foi autorizando mais e mais importações até as barreiras serem removidas. As indústrias brasileiras IT conseguiram algumas façanhas notáveis, particularmente na área de software. Em 2002, Brasil encenou a primeira eleição 100% eletrônica do mundo com 90% dos resultados obtidos dentro de 2 horas. O sistema é servido, particularmente, a um país com taxas relativamente elevadas de analfabetismo desde que pisca acima de uma fotografia do candidato antes que um voto esteja confirmado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recentemente (2005) lançou o "computador pessoal" para promover o inclusão digital, com as finanças de governo disponíveis e uma configuração mínima fixa. Rejeitando o sistema operacional da Microsoft (Windows XP Starter Edition), está sendo enviado com um sistema brasileiro configurado de Linux que oferece funções básicas tais como processar texto e navegar pela Internet. Um projeto para fazer acesso livre e barato à Internet não saíram ainda do papel.

Financiamentos


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fala na abertura da reunião de 3 de outubro de 2007 do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, no Salão Oval do Palácio do Planalto, para discutir plano de ação do setor. Foto:Roosewelt Pinheiro/ABr.
Financiamentos para a pesquisa brasileira, o desenvolvimento e a inovação vem, principalmente, de seis fontes:
  1. Fontes do governo (federal, estado e municipal). Há um número de organizações do estado que foram criadas na maior parte na década de 1950 especificamente para diretamente promover e financiar R&D&I, tal como o Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), que é nomeado agora Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e a Finaciadora de Estudos e Projetos (FINEP), uma parte do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). MCT é relativamente um ministério novo, tendo sendo criado em 1990. Antes deste, CNPq era a única instituição de pesquisa que concede no nível federal, trabalhando diretamente sob o Presidente da República. No nível do estado, quase todos os estados fundaram suas próprias fundações públicas para a sustentação de R&D&I, acompanhando o pioneirismo (e muito bem sucedido) do exemplo do estado de São Paulo, que criou a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) em 1962. Estas fundações são garantidas geralmente por mudanças nas constituiições dos estados, ao longo das décadas de 1980 e de 1990.
  2. Financiar indiretamente através dos orçamentos de universidades, de institutos e de centros públicos e particulares. Algumas universidades, tais como UNICAMP, têm suas próprias agências, fundações e fundos internos ajustados distante e controlados com a finalidade de suportar R&D&I por suas faculdades e seus estudantes.
  3. Companhias públicas, tais como a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Sua fonte do rendimento é o governo próprio (através das distribuições orçamentárias pelos ministérios e pelas secretárias do estado) e investimento de uma parte dos produtos e serviços vendidos.
  4. Indústrias, comércio e dos serviços das companhias particulares, geralmente para seus próprios centros de R&D&I, ou através de algum benefício fiscal (leis da isenção de imposto), como a lei da Ciência da Informação.
  5. Associações e fundações nacionais particulares e ONGs, através de estabelecido em virtude de lei, os mecanismos ou das doações por pessoas físicas ou jurídicas. Um exemplo é a Fundação Banco do Brasil.
  6. Financiando por outras nações, organizações internacionais e instituições multilateral, tais como a Fundação Rockefeller, a Fundação Ford, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, o Banco Mundial, a UNESCO, o PNUD, a Organização Mundial da Saúde, a Fundação Bill e Melinda Gates, a Fundação Volkswagen, para nomear apenas algumas das mais importantes na história da ciência e da tecnologia brasileira.

Instituições científicas


Cidade Universitária da USP em São Paulo, recentemente eleita a 94ª melhor universidade do mundo.[12][13]

O "Palácio Universitário", sede do campus Praia Vermelha da UFRJ, no Rio de Janeiro.

Universidades

Segue abaixo uma lista com as universidades com maior relevância e produção científica no país.[14][15][16]
Instituições públicas de ensino superior
Instituições privadas de ensino superior

Institutos de pesquisa e desenvolvimento

Socidades científicas

Personalidades, inventores e inventos

O Brasil também tem um grande número de notáveis inventores. Em 1709, o padre jesuíta Bartolomeu de Gusmão criou a Passarola, a primeira aeronave conhecida no mundo a efetuar um voo.[17] O padre Roberto Landell de Moura foi o pioneiro na transmissão da voz, quando, em 1893, transmitiu sua própria voz por oito quilômetros de distância através de equipamentos de rádio próprios e patenteados no Brasil.[17] Em 1861, o padre Francisco João de Azevedo criou o primeiro protótipo de uma máquina de escrever.[17] Santos Dumont construiu e voou os primeiros balões dirigíveis com motor a gasolina, o que lhe rendeu a conquista do Prêmio Deutsch em 1901, e, em 1906, realizou os primeiros voos homologados de um aparelho mais pesado que o ar.[18][19] Em 1922, Conrado Wessel descobriu e patenteou uma fórmula nova para a revelação fotográfica e abriu a primeira fábrica de papéis fotográficos do Brasil, mais tarde adquirida pela Kodak. O físico brasileiro César Lattes foi o co-descobridor do méson pi, em 1947.[20] Em 1977, Andreas Pavel criou o primeiro reprodutor de áudio portátil e Nélio José Nicolai criou o identificador de chamadas. O engenheiro Nelson Bardini criou o cartão telefônico em 1978. Em 1996, a urna eletrônica brasileira foi criada por um trabalho conjunto de técnicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Aeronáutica, Ministério do Exército e do Tribunal Superior Eleitoral.[17]
Na área médica, cientistas brasileiros foram responsáveis por importantes descobertas. Vital Brasil descobriu a especificidade do soro antiofídico[21] e Carlos Chagas foi o descobridor da Doença de Chagas.[22] Oswaldo Cruz iniciou importantes estudos sobre doenças tropicais e fundou o Instituto Oswaldo Cruz.[23] Henrique da Rocha Lima foi o descobridor da bactéria que causa a tifo, a Rickettsia rickettsii,[24] e Mauricio Rocha e Silva descobriu a bradicinina, um hormônio usado no combate a hipertensão.[25] Em 1971, o famoso médico Euryclides Zerbini inventou a válvula coronária.[17]

Invenções brasileiras

Algumas das invenções realizadas por brasileiros:[26] Invenções marcadas com asterisco (*) são as que possuem o pioneirismo do inventor contestado, ou em que vários inventores de lugares diferentes contribuíram para o invento.

Descobertas brasileiras

Algumas das descobertas realizadas por brasileiros: Decobertas marcadas com asterisco (*) são as que possuem o pioneirismo do decobridor contestado, ou em que vários cientistas de lugares diferentes contribuíram para a descoberta.

Ver também

Portal A Wikipédia possui o




Portal do Brasil

Referências

  1. UOL. Brasil vai ganhar seu segundo acelerador de partículas de grandes proporções. Página visitada em 27 de dezembro de 2010.
  2. Brasil lançará satélite que levará banda larga a todo país
  3. Brazil — The Space Program. country-data.com (April 1997). Página visitada em 2008-05-24.
  4. Clipping do INPE. Instituto Nacional de Pesquisas Espacias. Página visitada em 2010-03-26.
  5. Do cosmonauta ao taikonauta, dezenas de nacionalidades no espaço. Página visitada em 2008-11-18.
  6. "Brazil to revive nuclear project", BBC News, BBC, 2007-07-11. Página visitada em 2008-05-24.
  7. Rheinische Friedrich-Wilhelms-Universität
  8. LNLS Laboratório Nacional de Luz Síncrotron - O que é o LNLS
  9. Brasil cai duas posições em ranking mundial - Folha de S.Paulo, 26 de março de 2010 (visitado em 26-3-2010)
  10. Independência da América Espanhola - Brasil Escola
  11. A universidade no Brasil: pano de fundo histórico e presença cristã - ABUB
  12. Fonte
  13. OGlobo.com
  14. webometrics
  15. tudoemfoco
  16. O Globo
  17. a b c d e Almanaque Brasil. Inventores do Brasil para o mundo. Página visitada em 27 de dezembro de 2010.
  18. M. Santos Dumont Rounds Eiffel Tower." New York Times, (October 20, 1901). Página visitada em January 12, 2009.
  19. Les vols du 14bis relatés au fil des éditions du journal l'illustration de 1906. A frase diz: "cette prouesse est le premier vol au monde homologué par l'Aéro-Club de France et la toute jeune Fédération Aéronautique Internationale (FAI).".
  20. Ministério da Ciência e Tecnologia. 50 anos do Méson-Pi. Página visitada em 29 de dezembro de 2010.
  21. Museu Vital Brazil. VITAL BRAZIL: uma apresentação. Página visitada em 29 de dezembro de 2010.
  22. Fiocruz. Carlos Chagas e a descoberta de uma nova tripanossomíase humana. Página visitada em 29 de dezembro de 2010.
  23. Fiocruz. Criação do Instituto Soroterápico. Página visitada em 29 de dezembro de 2010.
  24. Fiocruz. Rocha Lima, o pai das rickettsias. Página visitada em 29 de dezembro de 2010.
  25. Ministério da Ciência e Tecnologia. Rocha Lima, o pai das rickettsias. Página visitada em 29 de dezembro de 2010.
  26. Dez invenções brasileiras, Yahoo, acessado em 26 de agosto de 2011
  27. Copo americano, Yahoo, acessado em 26 de agosto de 2011
  28. Escorregador de arroz, Yahoo, acessado em 26 de agosto de 2011
  29. Urna eletrônica, Yahoo, acessado em 26 de agosto de 2011
  30. Lacre de Segurança de Plástico, Yahoo, acessado em 26 de agosto de 2011
  31. Painel eletônico, Yahoo, acessado em 26 de agosto de 2011
  32. Coração Artificial, Guia dos Curiosos, acessado em 26 de agosto de 2011
  33. Terço eletrônico, Guia dos Curiosos, acessado em 26 de agosto de 2011
  34. Tênis eletrônico, Guia dos Curiosos, acessado em 26 de agosto de 2011
  35. Cartão telefônico, Guia dos Curiosos, acessado em 26 de agosto de 2011
  36. Quem inventou a máquina de escrever, acessado em 26 de agosto de 2011
  37. Sangue artificial, acessado em 3 de setembro de 2011
  38. inventores brasileiros, acessado em 3 de setembro de 2011
  39. os grandes cientistas pioneiros, acessado em 3 de setembro de 2011
  40. Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, acessado em 26 de agosto de 2011
  41. vacina contra Hepatite B, acessado em 3 de setembro de 2011
  42. Pré-Sal, Veja, acessado em 26 de agosto de 2011
  43. Brasil Escola

Nota

Ligações externas

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia_e_tecnologia_do_Brasil


Ciência brasileira é tema da principal matéria da prestigiosa Science

por Conceição Lemes

Ter trabalho mencionado ou publicado na Science é o sonho de todo cientista. Pudera. Publicada pela Associação Americana pelo Avanço da Ciência (www.aaas.org), é a mais prestigiosa revista de ciência do mundo, ao lado da Nature , inglesa. A triagem é rigorosíssima. Os critérios para publicação, científicos, mesmo. Imaginem ser o tema de uma reportagem de seis páginas. É o supra-sumo. Pois a edição 331 da Science, que começou a circular nessa tarde, dedica seis páginas à ciência brasileira. É a principal reportagem da edição. Nessa magnitude, é a primeira vez que isso acontece na publicação que já teve como um dos seus editores o Thomas Edison (1847-1931), criador da lâmpada elétrica, do fonógrafo e do projetor de cinema, entre outras invenções.
A reportagem começa e termina por Natal (RN). Mais precisamente no município Macaíba, que sedia o Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lilly Safra, mais conhecido como Centro do Cérebro, implantado pelos neurocientistas Miguel Nicolelis e Sidarta Ribeiro.
A reportagem destaca também, entre outras,  as pesquisas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Petrobras e da Amazônia. Sinceramente emocionante. Uma demonstração clara de que:

1) Lá fora, estão de olho no que se faz aqui.
2) É preciso mudar o modo de gestão científica no Brasil.
3)  A Universidade de São Paulo, apesar de ter grande produção científica, está perdendo espaço. Nenhuma pesquisa da USP foi destacada. Sinal de alerta de que há algo errado.
4) O que o Brasil está fazendo em termos de ciência tem sentido.
5) A visão do  Centro de Natal de que ciência é  agente de transformação social convenceu até os gringos, apesar de ela ainda sofrer resistência e bombardeio de setores da academia brasileira.
A propósito, todos os aspectos da  Ciência Tropical estão no artigo da Science. Sinal de que ela é o futuro.

Confira você mesmo. Segue a íntegra da tradução do artigo da Science, exceto os quadros.

Ciência brasileira: de vento em popa

Uma economia vigorosa e descobertas de petróleo estão impulsionando a pesquisa no Brasil a novas alturas. Mas as lideranças científicas precisam superar um sistema educacional fraco e um histórico de pouco impacto
NATAL – De pé, braços abertos, Miguel Nicolelis aponta para uma escavação retangular na terra seca nos arredores da cidade litorânea brasileira de Natal. “É aí que vai ficar o supercomputador”, diz ele. E indicando uma área ainda coberta de mato, acrescenta: “ali é o complexo esportivo”.

Nicolelis é o cientista mais conhecido do Brasil. Neurobiologista da Universidade Duke, em Durham, Carolina do Norte, ele tornou-se famoso depois de experiências espetaculares que usam sinais emitidos por cérebros de macacos para fazerem robôs andarem. Mas quando apresentou, em 2003, seus planos de criação de um instituto de neurociência em uma região atrasada do Nordeste do país, poucos acreditaram que poderia dar certo (Science, 20 de fevereiro de 2004, p. 1131).
A ideia era combinar ciência de ponta com uma missão social: desenvolver uma das regiões mais pobres do Brasil. Nicolelis, que atualmente passa parte do ano no país, mostra-se ansioso para oferecer ao visitante uma “prova categórica” do sucesso. Ele pôs a mão na massa e construiu duas escolas de ciência para crianças mais uma clínica de atendimento materno, e recrutou 11 neurocientistas PhD para dirigir laboratórios numa sede improvisada. Dentro de alguns meses, diz ele, US$ 25 milhões de recursos  federais brasileiros vão começar a escoar para seus terrenos arenosos, criando um vasto complexo de neurociência que Nicolelis chama de seu “Campus do Cérebro”.
“No Brasil, precisamos da ciência para construir um país”, diz Nicolelis, um entusiasmado nacionalista cujas paixões incluem usar um boné verde do clube de futebol Palmeiras e entornar jarras de suco de maracujá amarelo. “Este lugar vai criar a próxima geração de líderes brasileiros.”
Alguns continuam a achar excêntrica a ideia de Nicolelis. Mas o momento não poderia lhe ser mais propício. Nos últimos 8 anos, o maior país da América Latina começou a viver uma grande expansão. Sua economia está crescendo de maneira acelerada e ele se tornou um ator nos assuntos mundiais, festejando um surto sem precedente de autoconfiança. O país vai receber a Copa do Mundo de Futebol de  2014 e os Jogos Olímpicos dois anos depois.
Os bons tempos estão beneficiando a ciência, também. Entre 1997 e 2007, o número de papers brasileiros em publicações indexadas, avaliadas por pares mais que dobrou, para 19.000 por ano. O Brasil figura hoje em 13º em publicações, segundo a Thomson Reuters, tendo ultrapassado Holanda, Israel e Suíça. Universidades brasileiras formaram duas vezes mais doutores este ano do que em 2001, e milhares de novos empregos acadêmicos foram abertos em 134 novos campi federais.
Trata-se de uma inversão da sorte para um país que durante os anos 1990 teve de enfrentar problemas econômicos terríveis. Naquela época, os pesquisadores mendigavam fundos; o Brasil chegou a ter sua bandeira retirada do logotipo da Estação Espacial Internacional depois de não conseguir financiamento para construir seis componentes. “Nós estávamos pensando cada vez menor”, diz Sérgio Rezende, ministro da Ciência e Tecnologia nos últimos cinco anos. “Se não conseguíamos resolver pequenos problemas, como poderíamos resolver os grandes? Agora estamos em condição de pensar grande novamente.”
O combustível que impele a ciência no Brasil é um imposto de P&D sobre grandes indústrias; ele aumentou o orçamento do ministério de Rezende de US$ 600 milhões, há uma década, para US$ 4 bilhões. A companhia de petróleo nacional, a Petrobrás, é a maior contribuinte. O Brasil reiniciou seu programa de pesquisas nucleares em 2008, após 20 anos de calmaria, e, em outubro, uma delegação viajou a Genebra para negociar uma associação com o CERN. Com a economia brasileira crescendo a uma taxa de 7%, neste ano, o país pode se dar ao luxo de pagar US$ 14 milhões por ano para isso.
Cientistas daqui dizem que seus argumentos em prol de mais educação, inovação e tecnologia foram ouvidos na capital, Brasília, e esperam que os orçamentos continuem crescendo sob o comando da presidente eleita Dilma Rousseff, a primeira mulher a ocupar esse posto no país. Segundo autoridades da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), até 2020 o Brasil deve dobrar ou triplicar a produção de alunos, de papers e os investimentos e se tornar uma força “formidável” em ciência. Autoridades federais querem ver o Brasil entre os 10 principais países produtores de ciência do mundo.
Mas o Brasil ainda não é formidável. Como o instituto de Nicolelis ­– onde a construção está com um atraso de anos no cronograma – a produção científica brasileira segue atrás de suas ambições. O país produz poucos papers de alto impacto e apenas um filete de patentes. Seu sistema de educação pública primária e secundária está em frangalhos, deixando o país de 195 milhões de habitantes cronicamente carente de trabalhadores técnicos.
“Precisamos ser lúcidos e não cair num discurso de vitória”, ressalva Sidarta Ribeiro, um neurocientista formado na Rockfeller University em Nova York e cofundador do instituto do cérebro de Nicolelis. “Em termos de impacto, somos marginais. O discurso externo para o mundo deveria ser que estamos interessados em ciência e estamos progredindo. O discurso interno deveria ser, ´Vamos melhorar. Vamos focar no mérito`.”
Tempos de expansão
O Brasil está claramente se destacando na América Latina, como mostram os indicadores. O país responde hoje por mais de 60% de todos os gastos em pesquisa na América Latina, e os cientistas brasileiros escrevem metade dos papers. A burocracia científica do Brasil é influente, também, contando com um ministério próprio desde 1985. Esse é um passo que a Argentina só deu há três anos e que a vizinha Bolívia está discutindo atualmente. “O Brasil é o único exemplo na América Latina em que 1% do PIB vai para P&D e o ministro da Ciência e Tecnologia é um físico que ainda publica. Assim, o Brasil é o farol”, diz Juan Asenjo, presidente da Academia Chilena de Ciências.
A globalização dos mercados também está operando em favor do Brasil. Como em outros países latino-americanos, a base de pesquisa do Brasil é pesadamente orientada para agricultura, ecologia e doenças infecciosas – ele é o primeiro do mundo em publicações relacionadas a açúcar, café e suco de laranja. A indústria pecuária brasileira produz 33% dos embriões bovinos do mundo. Pesquisa outrora secundária, hoje ela está crescentemente bem situada para abordar preocupações globais com produção de alimentos, mudanças climáticas e conservação.
Nicolelis diz que vê uma “maneira tropical emergente de fazer ciência” movida pela pesquisa em energia renovável, agricultura, água e genética vegetal e animal. “Essas são as questões definidoras do planeta, e, acreditem ou não, os players estão bem aqui”, diz Nicolelis.
A pesquisa biológica é uma área de crescimento acelerado. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, empresa estatal de pesquisa agrícola conhecida como Embrapa, pretende contratar 700 novos pesquisadores neste ano. A Embrapa é considerada uma das unidades de pesquisa agrícola de primeira linha do mundo e seu orçamento de US$ 1 bilhão é hoje do mesmo porte do orçamento do Agricultural Research Service do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. “Nunca vi tantos recursos para a ciência como nos últimos cinco anos”, diz Maria de Fátima Grossi de Sá, uma geneticista de plantas que recebeu recentemente US$ 1,5 milhão para desenvolver uma planta de algodão transgênica.
De Sá trabalha na estação de pesquisa da Embrapa em Brasília, que também está concluindo testes de uma soja resistente a herbicidas que será a primeira planta geneticamente modificada projetada por cientistas brasileiros a chegar ao mercado. A demanda por cientistas PhD está tão elevada que De Sá diz que é difícil encontrar alguns para assumirem cargos de pós-doc. “Nós passamos muito rapidamente da dificuldade de colocar PhDs a ter verbas sem receptores.”
A Embrapa está finalizando a construção de um centro de agroenergia de quatro andares e custo de US$ 15 milhões que empregará 100 pesquisadores no campus de Brasília. Um objetivo é transformar os 22 milhões de hectares de soja do Brasil em produtos mais valiosos como o biodiesel.
“Nós captamos energia solar e a transformamos em outras formas de energia. Achamos que podemos mudar muito rapidamente da agricultura voltada à produção de alimentos para a agricultura destinada à energia. Podemos ser um player”, diz Frederico Ozanan Machado Durães, diretor geral da nova unidade. Para ele, incontáveis carregamentos de soja que embarcam para a Ásia a cada dia de portos brasileiros poderiam energizar indústrias domésticas de lipoquímica e plásticos que produzem “produtos com valor agregado”.
O projeto representa uma importante virada do pensamento brasileiro: a saber, que a ciência pode transformar a economia do país, atualmente dominada por commodities como soja, carne bovina, cana de açúcar, minério de ferro e petróleo. “O novo Brasil será uma economia de conhecimento natural”, diz Gilberto Câmara, diretor da agência espacial do Brasil.
Com mais dinheiro e uma missão de ciência verde emergente, pesquisadores brasileiros dizem que serão levados mais a sério. A maioria dos cientistas seniores das Embrapa foi formada nos estados Unidos, como o Diretor-Executivo José Geraldo Eugênio de França, que em 1987 foi para a Texas A&M University para estudar genética do sorgo, França diz que notou uma mudança durante uma missão a Washington, D.C., em novembro passado, quando se encontrou com o consultor americano de ciências John Holdren e outras autoridades. “Pela primeira vez na história, tivemos um reconhecimento de que alguma coisa está mudando no Brasil. Eles não nos perguntaram quantos pós-doc precisávamos enviar, ou onde nós precisávamos de ajuda, mas onde poderíamos trabalhar juntos”, diz França.
Dinheiro privado
O objetivo mais importante neste momento, reconhece Rezende, “é que a ciência faça diferença na produtividade da indústria. Eu teria de dizer que esse é nosso grande desafio”. Outros objetivos são aumentar o número de cientistas, investir em áreas estratégicas, e resolver problemas sociais chaves.
A desconexão entre ciência e negócios é quase total no Brasil, segundo pesquisadores. Nos Estados Unidos, cerca de 80% do pessoal de pesquisa trabalha na indústria, segundo dados da OCDE, enquanto no Brasil essa cifra fica em torno de 25%. O Brasil quase não produz patentes – apenas 103 patentes americanas foram emitidas para inventores no Brasil em 2009 – e companhias brasileiras gastaram metade do que as européias gastam em P&D. Quando elas gastam, é mais na importação de tecnologia que em seu desenvolvimento.
Pesquisadores dizem que os 20 anos de ditadura no Brasil, findos em 1984, foram em parte responsáveis pelo atraso. As universidades se tornaram redutos da oposição política e círculos de leitura marxista, nos quais as patentes eram vistas como opressão. “Nós nos isolamos das grandes indústrias, que apoiavam os militares. Elas não podiam entrar na universidade. A universidade se tornou fechada, hermética, e agora precisamos mudar isso”, diz Maria Bernardete Cordeiro da Sousa, pró-reitora de pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
As autoridades vêm tentando vencer o atraso na inovação. Em 2004 e 2005, o Brasil aprovou leis que concedem benefícios fiscais à P&D para empresas e começou a permitir que o Ministério da Ciência e Tecnologia conceda verbas a empresas, e mesmo pague salários de pesquisadores nas empresas industriais. Em agosto, o ministério anunciou um grande projeto de P&D industrial, oferecendo US$ 294 milhões em verbas para apoiar projetos de inovação dentro de companhias em “áreas estratégicas” como carros elétricos, marca-passos e culturas agrícolas geneticamente modificadas.
Ainda é cedo para dizer que os incentivos do governo estão funcionando. Somente um pequeno número de empresas se candidatou às isenções fiscais. Mas a inovação de risco no estilo americano, antes considerada estranha, está sendo vista cada vez mais em termos favoráveis. Capitalistas de risco começaram a se instalar no Brasil, e em 2010, tanto a IBM como a General Electric anunciaram planos de criar centros de pesquisa no país.
“Nos falta uma cultura de inovação e empreendedorismo. Há um  longo caminho a percorrer para mudar isso”, diz Luiz Mello, um médico que no ano passado foi designado pela segunda maior empresa do Brasil, a mineradora de minério de ferro Vale S.A, para gastar US$ 180 milhões estabelecendo três novos institutos de ciências corporativos. Mello diz que foi contratado depois de abordar o CEO da Vale, Roger Agnelli, para levantar dinheiro para um programa de engenharia. “A coisa se transformou numa reunião para ele dizer o que queria. E ele queria o MIT [Instituto de Tecnologia de Massachusetts] da Vale”, recorda Mello. “Eu estava sendo convidado pra chefiar algo que seria um novo Bell Labs ou Xerox PARC.”
Mello viajou recentemente ao vale do Silício para colher idéias. Embora o negócio da Vale seja de baixa tecnologia, a companhia de commodities, que despacha imensas quantidades de minério para a China e a Europa, quer gastar pesadamente em pesquisa em parte porque tem enfrentado uma forte escassez de mão de obra especializada, aumentando a pressão de ambientalistas, e a concorrência de companhias globais. Os três laboratórios da Vale operarão com biodiversidade, energia renovável e tecnologia de mineração. “Esse é o maior investimento espontâneo em P&D que eu conheço no Brasil”, diz Mello.
As novas leis também encorajam universidades brasileiras a depositar patentes e criar escritórios de transferência de tecnologia, o que muitas estão fazendo pela primeira vez. Na Universidade Federal de Minas Gerais, o número de pedidos de patentes atingiu 356, incluindo uma para uma vacina canina contra leishmaniose , que já chegou ao mercado. “Tudo isso está provocando ressonância no sistema”, diz Ado Jorio, o professor que coordena os esforços de patente da universidade. “Está havendo uma explosão de publicações, e isso também vai ocorrer em inovação.”
Partilhar a riqueza
A ciência brasileira sofre de um outro desequilíbrio, entre o sul afluente e as regiões setentrionais pobres, que as autoridades colocaram como prioridade tentar corrigir. A maior parte da ciência ainda ocorre em apenas três estados sulinos, com a Universidade de São Paulo sozinha respondendo por quase um quarto de todas as publicações científicas. “Um dos maiores problemas que enfrentamos é essa assimetria brasileira, a desigualdade das regiões”, diz Lucia Melo, diretora do Centro de Estudos Estratégicos e Gestão em Ciência, Tecnologia e Inovação, um think tank de política científica do governo em Brasília.
Para levar a ciência ao interior negligenciado do Brasil, o governo se embrenhou numa farra de construção de universidades e reservou 30% dos recursos de pesquisa para os estados pobres do norte e do centro-oeste. Por um programa de 2009, autoridades em Brasília disseram que dariam bolsas de estudo para todos os alunos de pós-graduação em regiões distantes, independentemente do mérito acadêmico. A ideia provém do Partido dos Trabalhadores, o partido governante no país, que fez da melhoria das condições nas áreas pobres uma prioridade. Um programa de bem-estar bastante expandido ajudou a tirar muitos milhões de brasileiros da pobreza. Isso também deu aos cientistas brasileiros espaço para respirar.
“Antes, nós tínhamos de enfrentar a questão, ´Por que vocês estão dando comida e leite para um macaco quando há crianças famintas na casa vizinha?`” diz Cordeiro de Sousa, que também faz pesquisas sobre primatas. Mas ela vê uma compensação: os pesquisadores sentem uma pressão crescente para dedicar tempo para solucionar problemas locais. Ele está analisando a criação de um instituto do sal para respaldar a indústria local de mineração de sal. “É preciso ter uma vocação, porque no futuro poderemos ser chamados a responder intensamente.”
Em nenhum outro lugar a carência de ciência brasileira é mais preocupante do que na Amazônia, a floresta tropical que cobre aproximadamente 49% do território brasileiro, mas abriga somente cerca de 3.000 pesquisadores doutores, dos quais pouquíssimos fazem ciência aplicada. “Imagine o que esse número absolutamente irrelevante representa para essa região imensa”, diz Odenildo Teixeira Sena, secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Amazonas. Embora seja maior que a França e a Espanha juntas, o Amazonas possui somente um arqueólogo PhD residente, e apesar de seu vasto sistema fluvial, nenhum engenheiro naval, diz Teixeira.
Uma força de trabalho cada vez mais científica na região poderia ajudar a encontrar alternativas para a agricultura baseada na derrubada e nas queimadas. Mas as ansiedades nacionais também figuram no cálculo. “A maioria das publicações sobre a Amazônia não tem um autor brasileiro. Isso nos preocupa”, diz Jorge Guimarães, o funcionário do Ministério da Educação que supervisiona a educação superior no Brasil. “Precisamos de mais brasileiros participando.”
O Brasil nunca se sentiu seguro de seu controle sobre a vasta região que a Espanha cedeu a Portugal pelo Tratado de Madri de 1750. Com a Amazônia, um foco de manobras internacionais sobre créditos de carbono, a dependência do Brasil da produção externa de conhecimento se tornou “uma questão muito delicada”, diz Adalberto Val, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia em Manaus. Durante uma conferência nacional de ciência e tecnologia em maio último, Val propôs uma “hegemonia informacional” brasileira sobre o bioma da floresta. “Existe uma questão de soberania nacional”, diz ele
Esses tons nacionalistas podem parecer hostis fora do Brasil, mas eles caem bem no país. O físico Luiz Davidovich, que presidiu a conferência de maio, diz que a comunidade científica brasileira precisa levantar “grandes bandeiras” para mobilizar o país. “´A Amazônia é nossa` é uma delas”, diz ele.
Mesmo alguns especialistas estrangeiros responderam ao apelo. Daniel Nepstad, um renomado ecologista americano especializado em florestas tropicais largou seu emprego em outubro no Woods Hole Research Center, em Massachusetts. para se tornar residente brasileiro e empregado em tempo integral do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, uma organização sem fins lucrativos que ele cofundou, baseada na cidade de Belém.

Daniel Nepstad trocou Massachusetts pelo Instituto Pesquisa Ambiental da Amazônia
Nepstad diz que sua filiação americana “era interpretada no sentido de que eu seria menos comprometido com a agenda científica no Brasil”. A política florestal brasileira está evoluindo rapidamente e, diz Nepstad, “enquanto a ciência for liderada por pesquisadores do Hemisfério Norte, estamos perdendo a oportunidade de tornar informações realmente boas em decisões políticas.”
Fazendo acontecer
Apesar de suas ambições crescentes, o Brasil ainda precisa provar que pode fazer pesquisa básica de classe mundial. A contagem dos impactos de seus papers científicos é modesta, cerca de dois terços da média mundial, e caiu em algumas áreas. Nenhum brasileiro ganhou o Prêmio Nobel em ciência ou medicina, enquanto a rival regional, Argentina, tem três. Os cientistas culpam problemas estruturais nas universidades estatais do Brasil. Críticos dizem que eles desencorajam a competição, por exemplo, com mandatos automáticos após três anos no emprego e avaliações que premiam a publicação em língua portuguesa.
“A atitude durante muitos anos foi evitar a competição, manter a cabeça baixa, e escolher um tema marginal”, diz Ribeiro. Em vez de competir de igual para igual em tópicos quentes com grandes laboratórios do exterior, diz ele, os pesquisadores brasileiros às vezes têm se contentado em estudar questões locais. “O pensamento era, ´O tamanduá é nosso por isso não se preocupem com os gringos`.”
Os cientistas brasileiros que voltavam do exterior, atraídos por empregos e os recursos de empresas iniciantes, se queixam de que ainda há muitos obstáculos que tornam quase impossível produzir uma ciência de classe mundial. Após 11 anos nos Estados Unidos, a bióloga Luciana Relly Bertolini retornou ao Brasil em 2006 com seu marido, Marcelo, para começar um laboratório para clonar cabras transgênicas. Embora o esforço esteja financiado de maneira adequada, Bertolini diz que a pesada carga de ensino requerida de professores e a falta de pessoa treinada implica que “aqui se faz ciência por teimosia”.
Também são notórios os regulamentos de importação kafkianos do Brasil. Mesmo simples reagentes demoram meses para chegar, com amostras radioativas e biológicas muitas vezes em condições duvidosas. Bertolini diz que um equipamento de fusão celular que ela encomendou da Hungria ficou preso por quatro meses na alfândega. “Pode-se ter a melhor cabeça do mundo e não conseguir jamais a competitividade porque o governo trabalha contra nós”, diz Bertolini. “Quando começamos a pensar nisso, queremos voltar.”
Alguns dizem que as perspectivas continuarão sombrias até esses problemas ser resolvidos. “Não tenho conhecimento de nenhuma ciência extraordinária no Brasil”, diz Andrew J. G. Simpson, diretor científico do Ludwig Institute for Cancer Research na cidade de Nova York.
Cidadão naturalizado brasileiro, Simpson viveu em São Paulo por sete anos e coordenou um dos triunfos memoráveis do Brasil, o seqüenciamento do patógeno de planta Xylella fastidiosa, que foi parar na capa da revista Nature em 2000. Mas quando Simpson retornou este ano para uma celebração de 10 anos do feito, ele notou que, pelo menos no campo da genômica, “não houve mais nenhum paper de grande impacto. Não houve um processo ascendente. Foi uma situação anormal.”
Autoridades brasileiras se concentraram antes em resolver outro problema: a insegurança nos recursos para pesquisa. Em 2008, em sua maior rodada de financiamento da pesquisa básica em todos os tempos, o Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil ofereceu US$ 350 milhões em três anos para financiar 122 institutos nacionais para enfrentarem temas que  variam  da computação quântica e células-tronco a modernização da estação de pesquisa na Antártica.
“Eles viram que precisávamos de programas de longo prazo com estabilidade”, diz Davidovich, que divide a direção do programa de computação quântica. Outros cientistas manifestam dúvidas privadamente sobre institutos com nomes grandiosos, notando que na verdade eles são redes virtuais com uma média de 20 pesquisadores universitários cada e dinheiro espalhado demais para se conseguir muita coisa. Em papers de posicionamento, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência disse que o Brasil precisa se concentrar na criação de mais empregos de pesquisa pura fora do sistema universitário. Ela quer um novo instituto com grande staff para estudar os oceanos, e outro para a Amazônia, moldados na agência de estudos agrícolas Embrapa ­– neste caso com financiamento condizente com a visão grandiosa.
Na cidade de Natal, o instituto de neurociência de Nicolelis, atualmente abrigado num hotel convertido, ainda precisa produzir uma ruptura brasileira. Mas ele está cada vez mais bem posicionado para isso. Possui laboratórios razoavelmente equipados, uma instalação para primatas, e uma multidão contratada de jovens professores com currículos promissores, incluindo dois recrutados do Max Planck Center, na Alemanha. Em agosto, a École Polytechnique Fédérale de Lausanne na Suíça doou um supercomputador IBM Blue Gene/L, que Nicolelis diz será o mais rápido da América do Sul.
Ribeiro, o brasileiro que retornou de um pós-doc na Rockefeller para ser o diretor científico do instituto, diz que o ano de ciência que ele esperava perder enquanto organizava o centro se estendeu para três, na medida em que teve que lidar com as autoridades alfandegárias e com um grande número de alunos mal formados. “Agora, eu finalmente estou começando a enfrentar avaliadores de novo, em vez de burocratas, o que é um sinal de que o plano funcionou”, diz Ribeiro, cujo trabalho inclui experimentos para observar o efeito do sono e do sonho na retenção da capacidade motora e perceptiva.
A rua de terra na frente de seu prédio que leva para uma favela próxima, o faz lembrar uma fotografia que viu do Founder`s Hall da Rockefeller depois que ela foi construída em 1906 e ainda estava cercada por campos lamacentos e carruagens puxadas por cavalos: “Eles não começaram com o melhor lugar para fazer ciência tampouco.”
Antonio Regalado