Pesquisa Científica

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A DIFERENÇA DO CONHECIMENTO CIENTIFICO DOS OUTROS CONHECIMENTOS.


Conhecimento Científico = É o conhecimento produzido segundo as normas da ciência. A ciência é a sistematização de conhecimentos, um conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar. A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido a verificação.
Conhecimento Religioso = Forma de conhecimento baseada na Fé e na crença, ou seja, na aceitação de princípios dogmáticos (irrefutáveis e indiscutíveis) ligados à existência de entidades supra-humanas (p. ex. Deus) e/ou fenômenos sobrenaturais. Trata-se de conhecimento por revelação divina, experiência religiosa ou mística.”

O conhecimento científico é todo o conjunto de descobertas que nós temos hoje, resultado da persquisa e experimentação humana. O conhecimento científico só é aceito e difuncido após criteriosa análise, comprovação e exclusão de toda e qualquer dúvida.
O conhecimento reliogioso atua no campo espiritual do ser humana, procurando responder as seguintes perguntas: quem é o homem? Qua a razão máxima de sua existência? Deus existe? Qual é a relação entre Deus e o Homem?
O conhecimento religioso não se limita a uma religião. Poderíamos falar de uma "cultura religiosa", na qual se procura conhecer todas as manifestações religiosas, buscando na Antropologia, na sociologia e na história as primeiras manifestações religiosas do ser humano e quais são todas as manifestações religiosas do homem atual, desde as filosofias orientais, as crenças politeístas e as 3 maiores crenças monoteístas de hoje, que é o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo.”

Entre os tipos de conhecimento, destacam-se: conhecimento cintífico, filosófico e o próprio senso comum. Neste sentido, o conhecimento filosófico possui um caráter mais reflexivo, enquanto que o grego e os demais conhecimentos. O conhecimento filosófico pode, inclusive, apoiar a tese de um conhecimento em determinado sentido, e aderir à tese de outro conhecimento em outro sentido.Isto é, analisa as razões de cada um.
O conhecimento científico, por sua vez, enfatiza a razão, buscando comprovação de suas teses por meio de experimentos. Já o senso comum despreza as justificativas. Trata-se de um conhecimento popular e empírico, onde predominam uma experiência pessoal de alguém, em determinado momento. Desta forma, o senso comum influi na sociedade, sendo um saber generalizado e sem comprovação. Exemplos: chá de boldo para cura de dores de estômago. Pode funcionar. Porém, o fundamento é a experiência pessoal de alguém. Não as explicações da razão.”




Conhecimento Científico: É o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável da realidade. Sua origem está nos procedimentos de verificação baseados na metodologia científica;
Conhecimento Empírico (ou conhecimento vulgar, ou senso-comum): É o conhecimento obtido ao acaso, após inúmeras tentativas, ou seja, o conhecimento adquirido através de ações não planejadas.

Científico - parece ser mais "spam" - previsível e cansativo;Empírico - parece ser mais "surpresa"- imprevisível e emocionante.


De maneira geral, o conhecimento científico advém de um experimento metodológico que pode ser reproduzido com a obtenção dos mesmos resultados, submetido às mesmas condições. Isso, para as ciências naturais. Outras ciências, são mais subjetivas. Como exemplo a sociologia: porque os comportamentos sociais humanos (objeto do seu estudo) podem ser no máximo semelhante, dificilmente iguais.
Já o senso comum é um conhecimento que advém o empirismo coletivo, ou seja, aquele que se conhece por experiência própria e permeia a consciência coletiva. Porém, há um grave problema a partir desse conhecimento: nele usamos nossas percepções (os nossos sensores) para conclusão de algo, e as nossas percepções são muitas vezes enganosas.
Ainda que o conhecimento denominado 'senso comum' seja passível de distorções, ele está longe de ser descartável.”



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Os Quatro Tipos de Conhecimento


Verificamos, dessa forma, que o conhecimento científico diferencia-se do popular muito mais no que se refere a seu contexto metodológico do que propriamente a seu conteúdo. Essa diferença ocorre também em relação aos conhecimentos filosóficos e religioso (teológico).
Trujillo (1974:11) sistematiza as características dos quatro tipos de conhecimento:
Conhecimento
Conhecimento
Conhecimento
Conhecimento
Popular
Científico
Filosófico
Religioso (Teológico)
Valorativo
Real (factual)
Valorativo
Valorativo
Reflexivo
Contingente
Racional
Inspiracional
Assistemático
Sistemático
Sistemático
Sistemático
Verificável
Verificável
Não verificável
Não verificável
Falível
Falível
Infalível
Infalível
Inexato
Aproximadamente exato
Exato
Exato


CONHECIMENTO POPULAR
O conhecimento popular é valorativo por excelência, pois se fundamenta numa seleção operada com base em estados de ânimo e emoções: como o conhecimento implica uma dualidade de realidades, isto é, de um lado o sujeito cognoscente e, de outro, o objeto conhecido, e este é possuído, de certa forma, pelo cognoscente, os valores do sujeito impregnam o objeto conhecido. E também reflexivo, mas, estando limitado pela familiaridade com o objeto, não pode ser reduzido a uma formulação geral. A característica de assistemático baseia-se na “organização” particular das experiências próprias do sujeito cognoscente, e não em uma sistematização das ideias, na procura de uma formulação geral que explique os fenômenos observados, aspecto que dificulta a transmissão, de pessoa a pessoa, desse modo de conhecer. E verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito ao que se pode perceber no dia-a-dia. Finalmente, é falível e inexato, pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a respeito do objeto. Em outras palavras, não permite a formulação de hipóteses sobre a existência de fenômenos situados além das percepções objetivas.
CONHECIMENTO FILOSÓFICO
O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação: “as hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência, portanto, este conhecimento emerge da experiência e não da experimentação” (Trujillo, 1974:12), por este motivo, o conhecimento filosófico é não verificável, já que os enunciados das hipóteses filosóficas, ao contrário do que ocorre no campo da ciência, não podem ser confirmados nem refutados. É racional, em virtude de consistir num conjunto de enunciados logicamente correlacionados. Tem a característica de sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade. Por último, é infalível e exato, já que, quer na busca da realidade capaz de abranger todas as outras, quer na definição do instrumento capaz de apreender a realidade, seus postulados, assim como suas hipóteses, não são submetidos ao decisivo teste da observação (experimentação).
Portanto, o conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão pura para questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o errado, unicamente recorrendo às luzes da própria razão humana. Assim, se o conhecimento científico abrange fatos concretos, positivos, e fenômenos perceptíveis pelos sentidos, pelo emprego de instrumentos, técnicas e recursos de observação, o objeto de análise da filosofia são idéias, relações conceptuais, exigências lógicas que não são redutíveis a realidades materiais e, por essa razão, não são passíveis de observação sensorial direta ou indireta (por instrumentos), como a que é exigida pela ciência experimental. O método por excelência da ciência é o experimental: ela caminha apoiada nos fatos reais e concretos, afirmando somente aquilo que é autorizado pela experimentação. Ao contrário, a filosofia emprega “o método racional, no qual prevalece o processo dedutivo, que antecede a experiência, e não exige confirmação experimental, mas somente coerência lógica” (Ruiz, 1979:110). O procedimento científico leva a circunscrever, delimitar, fragmentar e analisar o que se constitui o objeto da pesquisa, atingindo segmentos da realidade, ao passo que a filosofia encontra-se sempre à procura do que é mais geral, interessando-se pela formulação de uma concepção unificada e unificante do universo. Para tanto, procura responder às grandes indagações do espírito humano e, até, busca as leis mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência.




CONHECIMENTO RELIGIOSO
O conhecimento religioso, isto é, teológico, apóia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são consideradas in- falíveis e indiscutíveis (exatas); é um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas evidências não são verificadas: está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado. Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as “verdades” tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em “revelações” da divindade (sobrenatural). A adesão das pessoas passa a ser um ato de fé, pois a visão sistemática do mundo é interpretada como decorrente do ato de um criador divino, cujas evidências não são postas em dúvida nem sequer verificáveis. A postura dos teólogos e cientistas diante da teoria da evolução das espécies, particularmente do Homem, demonstra as abordagens diversas: de um lado, as posições dos teólogos fundamentam-se nos ensinamentos de textos sagrados; de outro, os cientistas buscam, em suas pesquisas, fatos concretos capazes de comprovar (ou refutar) suas hipóteses. Na realidade, vai-se mais longe. Se o fundamento do conhecimento científico consiste na evidência dos fatos observados e experimentalmente controlados, e o do conhecimento filosófico e de seus enunciados, na evidência lógica, fazendo com que em ambos os modos de conhecer deve a evidência resultar da pesquisa dos fatos, ou da análise dos conteúdos dos enunciados, no caso do conhecimento teológico o fiel não se detém nelas à procura de evidência, mas da causa primeira, ou seja, da revelação divina.
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Finalmente, o conhecimento científico é real (factual) porque lida com ocorrências ou fatos, isto é, com toda “forma de existência que se manifesta de algum modo” (Trujillo, 1974:14). Constitui um conhecimento contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida por meio da experimentação e não apenas pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. É sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de idéias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos. Possui a característica da verifícabilidade, a tal ponto que as afirmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final, por este motivo, é aproximadamente exato: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.
Apesar da separação “metodológica” entre os tipos de conhecimento popular, filosófico, religioso e científico, no processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito cognoscente pode penetrar nas diversas áreas: ao estudar o homem, por exemplo, pode-se tirar uma série de conclusões sobre sua atuação na sociedade, baseada no senso comum ou na experiência cotidiana; pode-se analisá-lo como um ser biológico, verificando, com base na investigação experi- mental, as relações existentes entre determinados órgãos e suas funções; pode-se questioná-los quanto a sua origem e destino, assim como quanto a sua liberdade; finalmente, pode-se observá-lo como ser criado pela divindade, a sua imagem e semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados.
Por sua vez, essas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum.


Referências: MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia Científica. São Paulo: Ed.Atlas, 3º ed. revista e ampliada, 2000.


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CONHECIMENTO CIENTÍFICO VERSUS CONHECIMENTO POPULAR

Por: Regiane Vieira Hatchwell
Neste texto farei uma exposição sobre o conhecimento, focalizando o conhecimento científico e o conhecimento popular, suas diferenças, semelhanças e a importância de se obter o conhecimento cientifico.
O conhecimento é algo que todos necessitam, é fundamental na vida do homem, pois torna a vida mais aceitável e efetiva. O conhecimento só se torna possível por meio da interação com a realidade. O conhecimento cientifico tem como objeto estudar e esclarecer os fatos ocorridos no universo. Adquirir o conhecimento é fundamental para que o individuo não seja oprimido, pois da mesma forma que o conhecimento liberta ele também oprime.
A ciência é um conjunto de conhecimentos sobre fatos e aspectos da realidade, expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser recolhidos de modo programado, sistemático e ponderado, para então ser submetido a avaliação e verificação de sua validade. A ciência ocupa-se dos fenômenos que ocorrem na natureza, dos objetos ideais e dos acontecimentos culturais.
Então, é fundamental conhecer a ciência, pois assim ela nos ajudará a entender com clareza os acontecimentos do universo, que muitas vezes são de difícil compreensão. Sem a ciência o homem não teria consciência de si e dos múltiplos acontecimentos a sua volta. No entanto, à medida que o individuo obtém conhecimento, ele se liberta da ignorância, e vai se tornando o “senhor da situação”.
No entanto, o conhecimento não é privilégio de alguns, mas de todo ser humano. Pois o homem é o único ser com a capacidade de pensar. Somos seres pensantes.
Diferentemente da ciência, o conhecimento popular é intuitivo, espontâneo, com forte inclinação para erros, pois não é estudado, analisado e comprovado, por exemplo: quando olhamos para o céu e afirmamos que irá chover, não se teve estudo algum em relação a esta afirmação, mas se sabe que provavelmente choverá, pelo simples fato de o céu estar coberto de nuvens.
A ciência tem uma explicação para este fenômeno. Para isso, primeiramente o fenômeno foi estudado, as informações foram recolhidas para serem analisadas e depois confirmadas. O mesmo não acontece com o conhecimento popular. As informações que são transmitidas não tem embasamento teórico. Mas existe algo de semelhante entre os dois tipos de conhecimentos, a forma em que é narrado o fenômeno, muitas vezes é o mesmo.
O fenômeno do céu nublado, por exemplo, o cientista tem todo um estudo comprovado que após ficar nublado provavelmente choverá. No conhecimento popular não se tem comprovação de que choverá, mas geralmente chove após o céu ficar nublado, então isto se torna uma verdade popular, que será passado para outras gerações.
Outro exemplo que pode ser citado é o fato de uma pessoa chamar a outra de “histérica”, pelo simples fato de está gritando com alguém. Este é um termo próprio da psicologia científica. Não houve uma preocupação em definir a palavra usada, e nem por isso deixou de ser entendida pelo outro. Podemos até está próximo da ciência, na maioria das vezes nem o sabemos. 
Por fim, é necessário que se obtenha o conhecimento, e sobre tudo o conhecimento cientifico, para que se tenha uma visão verdadeira das coisas e acontecimentos que nos rodeiam.
 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BOCK, Ana Mercês Bahia. et al. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
LUCKESI, Cipriano. et al. O conhecimento como compreensão do mundo e como fundamentação da ação. In: ___. Fazer Universidade: uma proposta metodológica. 14º Ed. São Paulo: Cortez, 2005.
LUCKESI, Cipriano. et al. O conhecimento filosófico e científico. In: ___. Fazer Universidade: uma proposta metodológica. 14º Ed. São Paulo: Cortez, 2005.
LUCKESI, Cipriano. et al. Conduta na produção do conhecimento. In: ___. Fazer Universidade: uma proposta metodológica. 14º Ed. São Paulo: Cortez, 2005.



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TIPOS DE CONHECIMENTOS


1 INTRODUÇÃO
Ao longo de toda existência o homem vem acumulando conhecimentos desde o seu nascimento, conhecimentos vitais e necessários para a sua sobrevivência. O conhecimento chega a ser uma necessidade, uma capacidade inerente ao ser humano.
O conhecimento é o caminho obrigatório para a evolução humana, acontece naturalmente, pelo simples convívio com seus semelhantes, através também de fontes, sensações, percepção, imaginação, memória.
Para o escritor Aristóteles o conhecimento só acontece quando sabemos qual a causa e o motivo dos fenômenos.
Para se produzir conhecimento, nos devemos objetivar a produção de hipóteses, modelos, e teorias, o que pode ser alcançado através da coletas de dados e informações sobre um determinado assunto. Dessa forma passa a avançar o que se deseja aprofundar, sem deixar passar despercebido. Deve-se procurar familiarizar-se com o mundo natural, reconhecendo suas diversidades, perceber a relação entre a ciência e a tecnologia, levando em conta que essas são empreendimentos humanos, e como tais, sujeitos os erros e limitações, adquirindo com base nelas, a capacidade de pensar de acordo com as exigências do rigor científico. Esgotar todas as duvidas de um tópico, antes de iniciar outro, o que nos manterá em nossa linha de raciocínio.


2 TIPOS DE CONHECIMENTOS
O conhecimento científico Surgiu da necessidade do ser humano querer saber como as coisas funcionam ao invés de apenas aceitá-las passivamente. Com este tipo de conhecimento o homem começou a entender o porquê de vários fenômenos naturais e com isso vir a intervir cada vez mais nos acontecimento ao nosso redor. Este conhecimento se bem usado é muito útil para humanidade, porém se usado incorretamente pode vir a gerar enormes catástrofes para o ser humano e tudo mais ao seu redor. Usamos como exemplo a descoberta pela ciência da cura de uma moléstia que assola uma cidade inteira salvando várias pessoas da morte, mas também, destruir esta mesma cidade em um piscar de olhos com uma arma de destruição em massa criada com este mesmo conhecimento.
É produzido pela investigação científica, através de seus métodos. Surge não apenas da necessidade de encontrar soluções para problemas de ordem prática da vida diária, mas do desejo de fornecer explicações sistemáticas que possam ser testadas e criticadas através de provas empíricas. 
A investigação científica se inicia quando se descobre que os conhecimentos existentes, originários querem do senso comum, quer do corpo de conhecimentos existentes na ciência, são insuficientes para explicar os problemas surgidos. O conhecimento prévio que nos lança a um problema pode ser tanto do conhecimento ordinário quanto do científico. 
Através desses métodos se obtém enunciados, teorias, leis, que explicam as condições que determinam a ocorrência dos fatos e dos fenômenos associados a um problema, sendo possível fazer predições sobre esses fenômenos e construir um corpo de novos enunciados, quiçá novas leis e teorias, fundamentados na verificação dessas predições, e na correspondência desses enunciados com a realidade fenomenal.
O método científico permite a construção conceitual de imagens da realidade que sejam verdadeiras e impessoais, passíveis de serem submetidas a testes de falseabilidade.
A ciência exige o confronto da teoria com os dados empíricos. A teoria deve poder ser submetida a um exame crítico. Segundo Popper, "um enunciado científico é objetivo quando, alheio às crenças pessoais, puder ser apresentado à crítica, à discussão". Um enunciado científico, construído mediante hipóteses fundadas em teorias, deve poder ser contrastado com a realidade, deve poder ser submetido a testes, em qualquer época e lugar, e por qualquer pessoa.
Isso faz com que a investigação científica estimule a criar fundamentos mais sólidos e a testar suas hipóteses de uma forma mais rígida e controlada.
A ciência se vale da crítica persistente que persegue a localização dos erros, através de procedimentos rigorosos de testagem que a própria comunidade científica reavalia e aperfeiçoa constantemente. Esse método crítico de constante localização de dificuldades, contradições e erros de uma teoria, garante à ciência uma confiabilidade.


2.1 Características do conhecimento científico
O primeiro caráter do conhecimento científico, reconhecido até por cientistas e filósofos das mais diversas correntes, é a objetividade, no sentido de que a ciência intenta afastar do seu domínio todo o elemento afetivo e subjetivo, deseja ser plenamente independente dos gostos e das tendências pessoais do sujeito que a elabora. Numa palavra, o conhecimento verdadeiramente científico deve ser um conhecimento válido para todos. A objetividade da ciência, por isso, pode ser também, e talvez melhor, chamada intersubjetividade, até porque a evolução recente da ciência, e especialmente da Física, mostrou a impossibilidade de separar adequadamente o objeto do sujeito e de eliminar completamente o observador.Outro caráter universalmente conhecido é a positividade, no sentido de uma plena aderência aos fatos e de uma absoluta submissão à fiscalização da experiência. O conceito de positividade como recurso à experiência e adesão aos fatos era ainda mais vago, e, nesse tempo, demasiado restrito, não só em Filosofia, como na própria ciência. Só recentemente, por obra de Einstein, a positividade da ciência se precisou na operatividade dos conceitos científicos, segundo a qual um conceito não tem direito de cidadania em ciência se não for definido mediante uma série de operações físicas, experiências e medidas ao menos idealmente possíveis. Tal precisão permite, por um lado, reconhecer claramente a não positividade de conceitos como o de espaço e de tempo absolutos e, por outro lado, admitir como positivos elementos não efetivamente experimentáveis. O terceiro caráter do conhecimento científico reside na sua racionalidade. Não obstante a oposição de toda a corrente empirista, a ciência moderna é essencialmente racional, isto é, não consta de meros elementos empíricos, mas é essencialmente uma construção do intelecto. A ciência pode ser definida como um esforço de racionalização do real; partindo de dados empíricos, através de sínteses cada vez mais vastas, o cientista esforça-se por abraçar todo o domínio dos fatos que conhece num sistema racional, no qual de poucos princípios simples e universais possam logicamente deduzir-se as leis experimentais mais particulares de campos à primeira vista aparentemente heterogêneos.
Além disto, os cientistas modernos verificam unanimemente no conhecimento científico um caráter muito alheio à mentalidade científica, o da revisibilidade. Não há nem nas ciências experimentais, nem mesmo na matemática, posições definitivas e irreformáveis. Toda a verdade científica aparece, em certo sentido, como provisória, susceptível de revisão, de aperfeiçoamento, às vezes mesmo de uma completa reposição em causa. Todos os conhecimentos científicos são aproximados, quer pela imperfeição das observações experimentais em que se fundam, quer pela necessária abstração e esquematização com que são tratados. Os conceitos de adequação total e perfeita devem ser substituídos pelos de aproximação e validez limitada. Esta nova mentalidade científica que deve ser mantida num só equilíbrio é principalmente o fruto de numerosas crises e revoluções da ciência.
Finalmente, um último caráter do conhecimento científico é a autonomia relativamente à Filosofia e à fé. A ciência tem o seu próprio campo de estudo, o seu método próprio de pesquisa, uma fonte independente de informações que é a Natureza. Isto não significa que a Filosofia não possa e não deva levar a termo uma indagação crítica sobre a natureza da ciência, sobre os seus métodos e os seus princípios e que o cientista não possa tirar vantagem do conhecimento reflexivo, filosófico e crítico da sua mesma atividade de cientista. Mas em nenhum caso a ciência poderá dizer-se dependente de um sistema filosófico ou poderá encontrar numa tese filosófica uma barreira-limite que impeça a priori a aplicação livre e integral do seu método de pesquisa. E o mesmo se dirá no que respeita à fé: ela poderá constituir uma norma diretriz e prudencial para o cientista, enquanto homem e crente, nunca será uma norma positiva ou restritiva para a ciência enquanto tal.


2.2 Natureza do conhecimento cientifico
O que é conhecer? É uma relação que se estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto conhecido. No processo do conhecimento o sujeito cognoscente se apropria, de certo modo, do objeto conhecido. Quando a apropriação é física, por exemplo, a representação de uma onda luminosa, um som, o que acarreta numa modificação de um órgão corporal do sujeito, tem-se um conhecimento sensível. Tal tipo de conhecimento é encontrado tanto em animais como no homem. Se a representação não é sensível, isto ocorre com realidades tais como conceitos, verdades, leis e princípios, tem-se então um conhecimento intelectual. O conhecimento sempre implica numa dualidade de realidades: de um lado, o sujeito e, de outro, o objeto conhecido. O objeto conhecido pode as vezes fazer parte do sujeito que conhece. Pode-se conhecer a si mesmo, pode-se conhecer e pensar os seus pensamentos. Mas nem todo conhecimento é pensamento. O pensamento é conhecimento intelectual.Pelo conhecimento o homem penetra as diversas áreas da realidade para dela tomar posse. A própria realidade apresenta níveis e estruturas diferentes em sua própria constituição. Assim, a partir de um ente, fato ou fenômeno isolado, pode-se subir ate situá-lo dentro de um contexto mais complexo, ver seu significado e função, sua natureza aparente e profunda, sua origem, sua finalidade, sua subordinação a outros entes, enfim, sua estrutura fundamental com todas as implicações daí resultantes. Tem-se quatro espécies de consideração sobre a mesma realidade, o homem esta se movendo dentro de quatro níveis diferentes de conhecimento. São eles: conhecimento empírico, conhecimento científico, conhecimento filosófico e conhecimento teológico. Conhecimento empírico, também chamado de vulgar ou popular, é o conhecimento do povo, obtido ao acaso, após inúmeras tentativas. São conhecimentos que os homens comuns, sem formação, adquirem através de experiências vividas ao acaso, sem método, nas experiências alheias e nas tradições da coletividade. O conhecimento popular ou senso comum não difere do conhecimento científico nem pela veracidade nem pela natureza do objeto conhecido: o que o diferencia é a forma, o modo ou o método e os instrumentos para se obter o "saber”. O conhecimento cientifico vai alem do empírico: por meio dele, alem do fenômeno, conhecem-se suas causas e as leis que o regem. Pode-se dize que é certo, pois sabe explicar os motivos da sua certeza; é geral, porque conhece no real o que há de mais universal; é metódico e sistemático; além de ter a capacidade de analisar, de explicar, de desdobrar, de justificar, de induzirem ou aplicar as leis, de predizer com segurança eventos futuros. A expressão "conhecimento científico" evidencia o caráter de autoridade, de respeitabilidade. O conhecimento filosófico distingue-se do cientifico pelo objeto de investigação e método. O objeto da filosofia é constituído de realidades mediatas, não perceptíveis pelos sentidos e por serem suprasensíveis ultrapassam a experiência (método racional).A tarefa fundamental da filosofia se resume na reflexão. A experiência fornece uma multidão de impressões e opiniões. Adquire conhecimentos científicos e técnicos, procurando refletir sobre este saber, interrogando-o e problematizando-o.
O conhecimento teológico ou Teologia ou Teologia Dogmática, ou ainda Teologia sobrenatural é aquele conjunto de verdades a que os homens chegaram, não com o auxilio da inteligência, mas mediante a aceita; ao dos dados da revela; à divina, fé.


2.3 Correlação entre Conhecimento Popular e Conhecimento Científico
O conhecimento vulgar ou popular, às vezes denominado senso comum, não se distingue do conhecimento científico nem pela veracidade nem pela natureza do objeto conhecido: o que os diferencia é a forma, o modo ou o método e os instrumentos do "conhecer".
Saber que determinada planta necessita de uma quantidade "X" de água e que, se não a receber de forma "natural", deve ser irrigada pode ser um conhecimento verdadeiro e comprovável, mas, nem por isso, científico. Para que isso ocorra, é necessário ir maisalém: conhecer a natureza dos vegetais, sua composição, seu ciclo de desenvolvimento e as particularidades que distinguem uma espécie de outra.
Dessa forma, patenteiam-se dois aspectos: (podemos tirar as seguintes reflexões)
a) A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade.
b) Um mesmo objeto ou fenômeno - uma planta, um mineral, uma comunidade ou as relações entre chefes e subordinados - pode ser matéria de observação tanto para o cientista quanto para o homem comum; o que leva um ao conhecimento científico e outro ao vulgar ou popular é a forma de observação.
Para Bunge (1976:20), a descontinuidade radical existente entre a Ciência e o conhecimento popular, em numerosos aspectos (principalmente o que se refere ao método, não nos deve fazer ignorar certa continuidade em outros aspectos, principalmente quando limitamos o conceito de conhecimento vulgar ao "bom-senso". Se excluirmos o conhecimento mítico (raios e trovões como manifestações de desagrado da divindade pelos comportamentos individuais ou sociais) verificou que tanto o "bom-senso" quanto a Ciência almejam ser racionais e objetivos: "são críticos e aspiram à coerência (racionalidade) e procuram adaptar-se aos fatos em vez de permitirem-se especulações sem controle (objetividade)".
Entretanto, o ideal de racionalidade, compreendido como uma sistematização coerente de enunciados fundamentados e passíveis de verificação, é obtido muito mais por intermédio de teorias, que constituem o núcleo da Ciência, do que pelo conhecimento comum, entendido como acumulação de partes ou "peças" de informação frouxamente vinculadas.
Por sua vez, o ideal de objetividade, isto é, a construção de imagens da realidade, verdadeiras e impessoais, não pode ser alcançada se não ultrapassar os estreitos limites da vida cotidiana, assim como da experiência particular; é necessário abandonar o ponto de vista antropocêntrico, para formular hipóteses sobre a existência de objetos e fenômenos além da própria percepção de nossos sentidos, submetê-los à verificação planejada e interpretada com o auxílio das teorias. Por esse motivo é que o senso comum, ou o "bom-senso", não pode conseguir mais do que uma objetividade limitada, assim como é limitada sua racionalidade, pois está estreitamente vinculado à percepção e à ação.


2.4 Características do conhecimento Popular
"Se o 'bom-senso', apesar de sua aspiração à racionalidade e objetividade, só consegue atingir essa condição de forma muito limitada", pode-se dizer que o conhecimento popular, latu sensu, é o modo comum, corrente e espontâneo de conhecer, que se adquire no trato direto com as coisas e os seres humanos: "é o saber que preenche nossa vida diária e que se possui sem haver procurado ou estudado, sem a aplicação de um método e sem se haver refletido sobre algo" (Babini, 1957:21).
Para Ander-Egg (1978: 13-4), o conhecimento popular caracteriza-se por ser predominantemente:
  • Superficial, isto é, conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar simplesmente estando junto das coisas: expressa-se por frases como "porque o vi", "porque o senti", "porque o disseram", "porque todo mundo o diz";
  • Sensitivo, ou seja, referente a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária;
  • Subjetivo, pois é o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos, tanto os que adquire por vivência própria quanto os "por ouvi dizer";
  • Assistemático, pois esta "organização" das experiências não visa a uma sistematização das idéias, nem na forma de adquiri-las nem na tentativa de validá-las;
  • Acrítico, pois, verdadeiros ou não, a pretensão de que esses conhecimentos ou sejam não se manifesta sempre de uma forma crítica.
3 Tipos de Conhecimento
Verificamos, dessa forma que o conhecimento científico diferencia-se do popular muito mais no que se refere ao seu contexto metodológico do que propriamente ao seu conteúdo. Essa diferença ocorre também em relação aos conhecimentos filosófico e religioso (teológico).Trujillo (1974-11) sistematiza as características dos quatro tipos de conhecimento:
3.1 Conhecimento Popular
O conhecimento popular é valorativo por excelência, pois se fundamenta numa seleção operada com base em estados de ânimo e emoções: como o conhecimento implica uma dualidade de realidades, isto é, de um lado o sujeito cognoscente e, de outro, o objeto conhecido, e este é possuído, de certa forma, pelo cognoscente, os valores do sujeito impregnam o objeto conhecido. É também reflexivo, mas, estando limitado pela familiaridade com o objeto, não pode ser reduzido a uma formulação geral. A característica de assistemático baseia-se na "organização" particular das experiências próprias do sujeito cognoscente, e não em uma sistematização das idéias, na procura de uma formulação geral que explique os fenômenos observados, aspecto que dificulta a transmissão de pessoa a pessoa, desse modo de conhecer. É verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito àquilo que se pode perceber no dia-a-dia. Finalmente é falível e inexato, pois conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a respeito do objeto. Em outros, não permite a formulação de hipóteses sobre a existência fenômenos situadas além das percepções objetivas.
3.2 Conhecimento Científico
O conhecimento científico é real (factual) porque lida com ocorrências ou fatos, isto é, com toda "forma de existência que se manifesta de algum modo" (Trujillo, 1974:14). Constitui um conhecimento contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida através da experiência e não apenas pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. É sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de idéias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos. Possui a característica daverificabilidade, a tal ponto que as afirmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final e, por este motivo, é aproximadamente exato: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.
Apesar da separação "metodológica" entre os tipos de conhecimento popular, filosófico, religioso e científico, no processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito cognoscente pode penetrar nas diversas áreas: ao estudar o homem, por exemplo, pode-se tirar uma série de conclusões sobre sua atuação na sociedade, baseada no senso comum ou na experiência cotidiana; pode-se analisá-lo como um ser biológico, verificando, através de investigação experimental, as relações existentes entre determinados órgãos e suas funções; pode-se questioná-lo quanto à sua origem e destino, assim como quanto à sua liberdade; finalmente, pode-se observá-lo como ser criado pela divindade, à sua imagem e semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados.
Por sua vez, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum.


3.3 Conhecimento Filosófico
O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação: "as hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência, portanto, este conhecimento emerge da experiência e não da experimentação" (Trujillo, 1974: 12); por este motivo, o conhecimento filosófico é não verificável, já que os enunciados das hipóteses filosóficas, ao contrário do que ocorre no campo da ciência, não podem ser confirmados nem refutados. É racional, em virtude de consistir num conjunto de enunciados logicamente correlacionados. Tem a característica de sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade. Por último, é infalível e exato, já que, querem na busca da realidade capaz de abranger todas as outras, quer na definição do instrumento capaz de apreender a realidade, seus postulados, assim como suas hipóteses, não são submetidos ao decisivo teste da observação (experimentação).Portanto, o conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão pura para questionar os problemas humanos e poder discemir entre o certo e o errado, uni- camente recorrendo às luzes da própria razão humana. Assim, se o conhecimento científico abrange fatos concretos, positivos, e fenômenos perceptíveis pelos sentidos, através do emprego de instrumentos, técnicas e recursos de observação, o objeto de análise da filosofia são idéias, relações conceptuais, exigências lógicas que não são redutíveis a realidades materiais e, por essa razão, não são passíveis de observação sensorial direta ou indireta (por instrumentos), como a que é exigida pela ciência experimental. O método por excelência da ciência é o experimental: ela caminha apoiada nos fatos reais e concretos, afirmando somente aquilo que é autorizado pela experimentação. Ao contrário, a filosofia emprega "o método racional, no qual prevalece o processo dedutivo, que antecede a experiência, e não exige confirmação experimental, mas somente coerência lógica" (Ruiz, 1979:110). O procedimento científico leva a circunscrever delimitar, fragmentar e analisar o que se constitui o objeto da pesquisa, atingindo segmentos da realidade, ao passo que a filosofia encontra-se sempre à procura do que é mais geral, interessando-se pela formulação de uma concepção unificada e unificante do universo. Para tanto, procura responder às grandes indagações do espírito humano e, até, busca as leis mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência.
3.4 Conhecimento Religioso
O conhecimento religioso, isto é, teológico, apóia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiraciona/) e, por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis (exatas); é um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas evidências não são verificadas: está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado. Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as "verdades" tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em "revelações" da divindade (sobrenatural). A adesão das pessoas passa a ser um ato de fé, pois a visão sistemática do mundo é interpretada como decorrente do ato de um criador divino, cujas evidências, não são postas em dúvida nem sequer verificáveis. A postura dos teólogos e cientistas diante da teoria da evolução das espécies, particularmente do Homem, demonstra as abordagens diversas: de um lado, as posições dos teólogos fundamentam-se nos ensinamentos de textos sagrados; de outro, os cientistas buscam, em suas pesquisas, fatos concretos capazes de comprovar (ou refutar) suas hipóteses. Na realidade, vai-se mais longe. Se o fundamento do conhecimento científico consiste na evidência dos fatos observados e experimentalmente controlados, e o do conhecimento filosófico e de seus enunciados, na evidência lógica, fazendo com que em ambos os modos de conhecer devem a evidência resultar da pesquisa dos fatos ou da análise dos conteúdos dos enunciados, no caso do conhecimento teológico o fiel não se detém nelas à procura de evidência, pois a toma da causa primeira, ou seja, da revelação divina.
4 A Ciência e o Conhecimento Científico e o Empírico
A atividade racional discursiva, como a própria palavra indica, discorre, percorre uma realidade ou um objeto para chegar a conhecê-lo, isto é, realiza vários atos de conhecimento até conseguir captá-lo. A razão discursiva ou o pensamento discursivo chega ao objeto passando por etapas sucessivas de conhecimento, realizando esforços sucessivos de aproximação para chegar ao conceito ou à definição do objeto.
"Quem é o homem na história, ator ou comparsa, senhor ou servo? Qual a origem e o fim da humanidade? Problemas que escapam à história. O caminho da história é progresso, regresso ou retorno eterno, repetição cíclica? Por que existe o mal, e muito mal, de que estão cheias as crônicas da humanidade? Todos estes são problemas que surgem da história, mas a história não os resolve." (Padovani, 1953: p. 1)
O conhecimento científico não só passou a ser aceitável, mas também se tornou parte útil e essencial de nossas vidas desde a época de René Descarte que desenvolveu o método cartesiano de identificação do conhecimento.
A razão ou o conhecimento intuitivo ou intuição, ao contrário, consiste num único ato do conhecimento que, de uma só vez, capta por inteiro e completamente o objeto do conhecimento.
Os estudos antigos procuravam fornecer uma explicação sobre o mundo que permitisse apontar as leis determinantes de todos eventos naturais, incluindo o movimento dos corpos celestes, as reações dos elementos químicos e a origem dos seres vivos.
A ciência tem de envolver mais do que a mera catalogação de fatos e do que a descoberta, através da tentativa e erro, de maneiras de proceder que funcionam. O que é crucial na verdadeira ciência é o fato de envolver a descoberta de princípios que subjazem e conectam os fenômenos naturais.
"É necessário partir das coisas que são mais cognoscíveis ao homem a fim de alcançar aquelas que são mais cognoscíveis em si; do mesmo modo que, no campo da ação, se parte daquilo que é bom para o indivíduo a fim de que consiga fazer seu o bem universal." (Abbagnano, 1977:p. 216)
A intuição empírica é o conhecimento direto e imediato das qualidades sensíveis do objeto externo: cores, sabores, odores, paladares, texturas, dimensões e distâncias. É também o conhecimento direto e imediato de estados internos ou mentais: lembranças, desejos, sentimentos e imagens.
Em latim, intuitossignificam: ver. A intuição é uma visão direta e imediata do objeto do conhecimento, um contato direto e imediato com ele, sem necessidade de provas ou demonstrações para saber o que conhece.
A intuição sensível ou empírica é psicológica, isto é, refere-se aos estados do sujeito do conhecimento enquanto um ser corporal e psíquico individual: sensações, lembranças, imagens, sentimentos, desejos e percepções são exclusivamente pessoais.
"Ao encontrar a lembrança de toda a série de suas existências anteriores e dos erros que cometeu, o homem pode conseguir pegar inteiramente o preço das suas injustiças e com isso encerrar o ciclo do seu destino individual. A vida presente torna-se então o último elo que permite à cadeia das encarnações fechar-se definitivamente sobre si mesma."


4.1 Grandes mitos sobre o conhecimento cientifico: 
a)Mito da cientificidade: o conhecimento científico é o único que é verdadeiro;
b) Mito do progresso: os desenvolvimentos da ciência e da técnica são os únicos que poderão conduzir a humanidade a um estado superior de perfeição; O cientista era encarado como alguém acima dos interesses  particulares unicamente devotados ao saber pelo saber.
c) Mito da tecnocracia: A resolução dos problemas da humanidade passa por confiar o poder as especialistas nas diversas áreas do conhecimento técnico e científico.
d) Época Contemporânea. No século XX assiste-se a uma progressiva crise das concepções deterministas herdadas do período anterior. O conhecimento cientifico deixa de ser visto como absoluto. Muitos dos mitos desenvolvidos em torno da ciência são abandonados:
A atividade cientifica deixa de ser encarada como neutral, isto é, acima do poder ou dos interesses econômicos. Pelo contrário aparece cada vez mais comprometida com a construção de novas armas de guerra, ou na criação de produtos destinados a serem comercializados por grandes grupos econômicos à escala mundial.  
 A promessa de uma paz perpétua que surgiria dos avanços da racionalidade científica, não se cumpriu. Os enormes progressos da ciência no século XX, foram acompanhados do desenvolvimento de tecnologias de guerra com um poder destrutivo sem precedentes históricos. No século XVIII morreram nas 68 guerras, 4,4 milhões de pessoas; no século XIX, em 205 guerras, morreram 8,3 milhões de pessoas; no século X, em 237 guerras, morreram 98,8 milhões de pessoas. Entre o século XVIII e o século XX, a população mundial aumentou 3,6 vezes e o número de mortos na guerra 22,4 vezes (Guiddens,1990).
A promessa de um domínio da natureza, pela ciência, de forma a colocá-la ao serviço do homem redundou numa exploração excessiva dos recursos naturais, e em desequilíbrios ecológicos que atingiram tais proporções que estão a coloca em causa a própria continuidade da humanidade.
 A promessa de um progresso contínua da humanidade que conduziria à humanidade a um estado superior de bem estar para todos, redundou em disparidades mundiais gritantes. Enquanto num grupo reduzido de países se acumulam riquezas e desperdiçam recursos, na maioria dos restantes populações inteiras são dizimadas pela fome e epidemias, e são espoliados os seus recursos naturais.  
e) Novas Concepções sobre a Ciência. Entre os teóricos da nova concepção da ciência destacam-se Einstein (1879-1955), Heisenberg (1901-1976) ,Pierre  Duhen (1861-1916), Gaston Bachelard (1884-1962), Karl Popper (1902-1994), Lakatos, Thomas Kuhn (1922) e Feyerabend (1924-1994).


5 Conclusão
Pode-se concluir que o conhecimento científico é o produto de uma comunidade e não de um individuo e que descobertas feitas por um indivíduo devem ser testadas por uma instituição antes de serem aceitas como conhecimento. Portanto, a ciência como forma de conhecimento pode suprir o conhecimento dito confiável, desde que testadas e analisadas.
BIBLIOGRAFIA:
CARVALHO, Maria Cecília M. de Construindo o Saber - Metodologia Científica - Fundamentos e Técnicas - 6 ed. - Campinas, SP: Papirus; 1997.
RUIZ, João Alvaro Metodologia Científica - Guia para eficiência nos estudos – 2. ed. São Paulo: Atlas; 1989.


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PESQUISA CIENTÍFICA: O QUE É E COMO SE FAZ

A diferença entre os trabalhos dos cientistas e o dos estudantes universitários não deveria residir no método, mas nos propósitos. Os cientistas já estão trabalhando com o intuito de promover o avanço da ciência para a Humanidade; os estudantes ainda estão trabalhando para o crescimento de sua ciência. Ambos, porém, devem trabalhar cientificamente. Os estudantes trabalham cientificamente quando realizam pesquisas dentro dos princípios estabelecidos pela metodologia científica, quando adquirem a capacidade não só de conhecer as conclusões que lhes foram transmitidas, mas se habilitam a reconstituir, a refazer as diversas etapas do caminho percorrido pelos cientistas (SANTOS, 1999, pág. 47)
A pesquisa cientifica objetiva fundamentalmente contribuir para a evolução do conhecimento humano em todos os setores, sendo sistematicamente planejada e executada segundo rigorosos critérios de processamento das informações. Será chamada pesquisa científica se sua realização for objeto de investigação planejada, desenvolvida e redigida conforme normas metodológicas consagradas pela ciência. Os trabalhos de graduação e de pós-graduação, para serem considerados pesquisas científicas, devem produzir ciência, ou dela derivar, ou acompanhar seu modelo de tratamento.
Alguns pesquisadores conceituam pesquisa da seguinte forma:
  • Conjunto de procedimentos sistemáticos, baseado no raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para problemas propostos, mediante a utilização de métodos científicos (ANDRADE, 2003, p. 121);
  • Procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas propostos (GIL, 1987, p. 19);
  • Atividade voltada para a solução de problemas através do emprego de processos científicos (CERVO e BERVIAN, 1983, p. 50).


As pesquisas podem ser classificadas segundo diversos critérios, como por exemplo:
  • Quanto à natureza: não se fundamenta nos métodos adotados, mas sim nas finalidades da pesquisa:
      • trabalho científico original: pesquisa realizada pela primeira vez, que venha a contribuir com novas conquistas e descobertas para a evolução do conhecimento científico;
      • resumo de assunto: pesquisa que dispensa originalidade mas não o rigor científico. Fundamenta-se em trabalhos mais avançados, publicados por autoridades no assunto e que não se limita à simples cópia de idéias. A análise e interpretação dos fatos e idéias, a utilização de metodologia adequada, bem como o enfoque do tema de um ponto de vista original são qualidades necessárias. É mais comum nos cursos de graduação.


  • Quanto aos objetivos:
      • pesquisa exploratória: constitui o primeiro passo de todo trabalho científico. Visa, sobretudo quando é bibliográfica, proporcionar maiores informações sobre determinado assunto, facilitar a delimitação de um tema de trabalho, definir objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou descobrir novo tipo de enfoque para o trabalho que se tem em mente;
      • pesquisa descritiva: os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados sem que o pesquisador interfira neles. Incluem-se aqui a maioria das pesquisas desenvolvidas nas Ciências Humanas e Sociais, as pesquisas de opinião, as mercadológicas, os levantamentos socioeconômicos e psicossociais;
      • pesquisa explicativa: mais complexa pois, além de registrar, analisar e interpretar os fenômenos estudados, procura identificar seus fatores determinantes, ou seja, suas causas. A maioria destas pesquisas utiliza o método experimental, o qual é caracterizado pela manipulação e controle das variáveis, com o objetivo de identificar qual a variável independente que determina a causa da variável dependente ou do fenômeno em estudo.




  • Quanto ao objeto: referente principalmente ao ambiente onde são realizadas as pesquisas:
      • bibliográfica: pode ser um trabalho independente ou uma etapa inicial de uma pesquisa;
      • de laboratório: o pesquisador tem condições de provocar, produzir e reproduzir fenômenos, em condições de controle. Não é sinônimo de pesquisa experimental; nas Ciências Humanas e Sociais também se faz este tipo de pesquisa;
      • de campo: não tem como objetivo produzir ou reproduzir os fenômenos estudados. A coleta de dados é efetuada em campo, onde ocorrem espontaneamente os fenômenos. É desenvolvida principalmente nas Ciências Sociais (Sociologia, Psicologia, Política, Economia, Antropologia).


  • Quanto aos procedimentos técnicos:
      • pesquisa bibliográfica: é aquela que utiliza material escrito / gravado, mecânica ou eletronicamente. São consideradas fontes bibliográficas os livros (de leitura corrente ou de referência, tais como dicionários, enciclopédias, anuários etc.), as publicações periódicas (jornais, revistas, panfletos etc.), fitas gravadas de áudio e vídeo, páginas de web sites, relatórios de simpósios / seminários, anais de congressos etc.;
      • pesquisa documental: utiliza fontes de informação que ainda não receberam organização, tratamento analítico e publicação, como tabelas estatísticas, relatórios de empresas, documentos arquivados em repartições públicas, associações, igrejas, hospitais, sindicatos, fotografias, epitáfios, obras originais de qualquer natureza, correspondência pessoal ou comercial etc.;
      • pesquisa experimental: quando um fato ou fenômeno da realidade é reproduzido de forma controlada, com o objetivo de descobrir os fatores que o produzem ou que por ele são produzidos. São geralmente feitos por amostragem, onde se considera que os resultados válidos para uma amostra (ou conjunto de amostras) serão, por indução, válidos também para o universo;
        • pesquisa ex post facto: significa literalmente “a partir de depois do fato”. Trata-se de uma pesquisa experimental onde, após o fato ou fenômeno ter ocorrido, tenta-se explicá-lo ou entendê-lo;
      • levantamento (pesquisa de opinião, de motivação etc.): é aquela que busca informação diretamente com um grupo de interesse a respeito dos dados que se deseja obter, utilizando questionários, formulários ou entrevistas. Os dados são tabulados e analisados estatisticamente;
      • estudo de caso: quando se deseja estudar com profundidade os diversos aspectos característicos de um determinado objeto de pesquisa restrito;
      • pesquisa-ação: quando os pesquisadores e os participantes envolvem-se no trabalho de pesquisa de modo participativo ou cooperativo, interagindo em função de um resultado esperado;
      • pesquisa (observação) participante: ocorre por meio do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado para se obter informações sobre a realidade dos atores sociais em seus próprios contextos.


Antes de se iniciar uma pesquisa científica é necessário refletir sobre a mesma. Assim como para construir um edifício é necessário antes de fazer a planta, imaginar o tamanho, o número de andares etc. e então planejar e construir os alicerces, de acordo com o tipo de edificação, é imprescindível que antes da pesquisa se elabore um plano, se imagine a abordagem, os tópicos que serão focalizados, como se pretende conduzir o trabalho etc. Assim, o trabalho de pesquisa é desenvolvido por etapas, que se constituem num método, num caminho facilitador do processo, buscando mapear o caminho, evitar muitos imprevistos e esclarecer os rumos para o próprio pesquisador. Recomenda-se que a pesquisa siga o seguinte encadenamento:
  • planejamento da pesquisa: pré-projeto e projeto;
  • execução: coleta de dados, análise e redação;
  • apresentação gráfica: digitação.


PRÉ-PROJETO: denominada por alguns autores de fase exploratória do projeto de pesquisa, é a primeira atividade de planejamento, constituindo-se, sem dúvida, num dos momentos mais importantes. Pode ser dividida em cinco passos básicos:
  • escolha do tema: podem ser utilizados alguns critérios para ajudar na escolha do tema, como originalidade (mesmo que o trabalho não seja original deve apresentar alguma novidade, novo enfoque, novos argumentos ou pontos de vista), relevância (importância ou utilidade), viabilidade (econômica e de tempo), preparo técnico e existência de fontes;
  • revisão de literatura: embora ao se escolher um dado tema já seja conhecido algo sobre o mesmo, a releitura exploratória tem o mérito de aumentar a extensão e a profundidade dos conhecimentos conhecidos, ajudando a distinguir o secundário do essencial e facilitando a delimitação do conteúdo dos temas a investigar;
  • problematização: transformação de uma necessidade humana em problema. O pesquisador deve ter idéia clara do problema que pretende resolver, da dúvida a ser superada, caso contrário sua pesquisa correrá o risco da prolixidade, da falta de direção, da ausência de algo para se resolver. Se o problema é estabelecido de forma clara, ele desencadeará a formulação da hipótese geral, que será comprovada no desenvolvimento do texto. Ao optar por uma solução que deseja demonstrar (ou seja, a hipótese, nascida do problema apontado), tem-se uma tese;
  • seleção /delimitação do assunto: deve-se escolher o “pedaço” do problema que se quer ou se precisa estudar para estudá-lo em profundidade. Mesmo que todos os aspectos sejam considerados importantes, devem ser tratados um por vez e, ao escolher um deles, abandonam-se ou outros. É uma imposição do método;
  • construção da(s) hipótese (s): é uma solução provisória que se propõe para o problema formulado. Sendo uma suposição que carece de confirmação, pode ser formulada tanto na forma afirmativa quanto na interrogativa. Não há uma norma ou regra fixa para a formulação de hipóteses, mas deve ser baseada no conhecimento do assunto e na literatura específica que foi levantada: lança-se uma afirmação a respeito do desconhecido com base no que se construiu e publicou sobre o tema. A formulação clara das hipóteses orienta o desenvolvimento da pesquisa. As hipóteses devem ser razoáveis e verificáveis. Em pesquisas exploratórias e descritivas não há necessidade de apresentar as hipóteses.


PROJETO: o planejamento da pesquisa científica se completa com a montagem do projeto de pesquisa, que traça o caminho intelectual inicial de todo o processo posterior. A coleta de dados e a redação final do trabalho são planejados aqui. São sugeridos como indispensáveis (devendo estar absolutamente claros para o pesquisador) o planejamento de sete itens:
  • tema específico: é criado a partir da hipótese. O tema específico será o título do futuro texto escrito;
  • objetivos (geral e específicos): é a espinha dorsal do projeto de pesquisa. Não é o que o pesquisador vai fazer (isto se prevê nos procedimentos), mas o que ele pretende conseguir como resultado intelectual final de sua investigação. São eles que delimitam e dirigem os raciocínios a serem desenvolvidos. O objetivo geral será subdividido em tantos objetivos específicos quantos necessários para o estudo e solução satisfatória do problema contido no objetivo geral. Cada um dos objetivos específicos será uma parte distinta da futura redação (um capítulo, um segmento). O enunciado dos objetivos deve iniciar sempre por um verbo no infinitivo: estudar, analisar, questionar, comparar, introduzir, elucidar, explicar, contrastar, discutir, apresentar etc.);
  • justificativa: consiste em apresentar motivos bons o bastante para o desenvolvimento da pesquisa. O que se pretende é que o leitor adquira convicção semelhante à do pesquisador: o tema é relevante e abrangente o bastante para merecer uma investigação científica. Um tema pode ter importância social, científica ou acadêmica. O desenvolvimento dele pode trazer benefício direto para a sociedade em geral, ou para um grupo social específico, ao resolver ou encaminhar a solução para a necessidade ali instalada. Pode também beneficiar de imediato uma ciência contribuindo com informações para o avanço de determinado estudo científico. Pode ainda beneficiar o processo acadêmico, facilitando ou inovando o ensino-aprendizado de um assunto;
  • recursos / material: consiste na descrição quantitativa de tudo aquilo que se pretende utilizar no desenvolvimento do trabalho. Planejar os recursos é assegurar, com o maior detalhamento possível, a suficiência inicial dos itens necessários para a aquisição das informações desejadas;
  • procedimentos / metodologia: são as atividades práticas necessárias para a aquisição dos dados com os quais serão desenvolvidos os raciocínios (previstos nos objetivos específicos), que resultarão em cada parte do trabalho final. Assim, planeja-se aqui, de forma concreta, a coleta de dados, que se iniciará ao final do projeto. A descrição dos procedimentos pode também ser enriquecida por detalhes práticos. Detalha-se o universo, a amostra, o tipo de tratamento que as informações receberão, descrevem-se os instrumentos de coleta, a margem de acuidade prevista etc.;
  • cronograma: consiste em relacionar as atividades ao tempo disponível, ou seja, planejar o tempo em função das atividades previstas para a conclusão do trabalho proposto;
  • orçamento: quando este item for necessário, devem ser especificados os recursos humanos e materiais indispensáveis para a realização do projeto, com uma estimativa dos custos.


Exemplo de elaboração de uma pesquisa científica:
Vou dar um exemplo bem simples e resumido para ajudar na compreensão do que é e como se conduz uma pesquisa científica clássica, seguindo as orientações de especialistas na área (e a coerência e bom senso também).
Imaginemos que toda vez que chove, cai água dentro da nossa sala de reuniões. Este é realmente um problema. Por que é um problema? Porque indica que há uma imperfeição técnica na construção do edifício, visto que não deve chover dentro da sala, e isto pode se agravar mais ainda. Além do mais, quando cai água, molha a mesa que, além de ser local ao redor do qual nos sentamos para discutir nossos assuntos, é onde ficam temporariamente depositados documentos relativos ao nosso grupo. Estes três pontos, entre outros que podem ser elencados, justificam a realização de uma pesquisa sobre o tema, sendo este, portanto, atual, útil e necessário – não se pode continuar com chuva caindo dentro da sala.
Qual é o objetivo da pesquisa, então? Pesquisar por que está chovendo dentro da sala, ou, o que está fazendo com que chova dentro da sala. Com este objetivo bem claro, vou construir o caminho por onde vou percorrer para descobrir o que está provocando esta situação.
Após uma leitura inicial (exploratória) sobre os fatores que podem provocar esta situação, eu proponho algumas hipóteses do porquê está chovendo dentro: os dados apresentados em outros estudos sugerem que pode ser porque há uma telha quebrada, uma rachadura no teto, infiltração porque as calhas estão entupidas e toda vez que chove forma uma lagoa em cima do teto etc. É possível partir de uma hipótese geral principal (se eu souber o que está provocando o problema, eu posso resolvê-lo) e então propor hipóteses secundárias (a telha, a rachadura, a infiltração).
Dependendo da(s) hipótese(s) que eu me propor a seguir, será estabelecida uma seqüência de passos para atingir o objetivo, e a isto se chama metodologia. Então, se a hipótese for a da telha quebrada, vou traçar passo a passo o que será feito, incluindo revisões teóricas sobre o assunto. Isto vale para cada hipótese que for investigada.
É importante que o foco seja mantido e seja coerente do começo ao fim. Fazer uma discussão generalizada, contextualizando o tema e o problema, é fundamental. Entretanto, os aprofundamentos teóricos e metodológicos devem ser feitos apenas no que está diretamente ligado ao problema. Por exemplo, discutir o tipo de revestimento nas paredes da sala, ou o tipo de iluminação, tem relação com a sala, mas não com o problema da sala que está sendo investigado, portanto não cabem ser aprofundados. Entretanto, se a água estiver entrando pela fiação da luz, a discussão sobre a iluminação pode ser pertinente. Da mesma forma, discutir o tipo de material do qual é feita a mesa pode ser importante se, por exemplo, ajudar a justificar o problema: se é um material não resistente à água, em pouco tempo será estragado, e isto é um bom motivo para se fazer este estudo.
O resultado da pesquisa deve retornar ao objetivo e ao problema, confirmando ou não a(s) hipótese(s). Assim, no final da pesquisa, se bem estudada, planejada e executada, eu deverei saber o que está provocando a chuva dentro da sala. Atenção, pois isto não é regra geral: às vezes, por mais bem feitas que tenham sido, as hipóteses não são comprovadas. Se eu seguir a hipótese da telha quebrada unicamente e isto não for comprovado, o que fazer? Paciência!! Caberá à minha discussão explicar porque eu segui somente esta hipótese e obtive este resultado.
A conclusão faz um fecho geral da pesquisa, normalmente de forma sucinta. A partir dos resultados, por exemplo, é possível se estabelecer perspectivas futuras: se for comprovado que a telha estava quebrada, pode-se sugerir que a partir de agora não se utilize mais este tipo de telhas. Fácil, não?


 
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O que é pesquisa científica
MÉTODOS E TÉCNICAS DA PESQUIS EDUCAÇÃO
Prof. Dr. Ruy Ferreira (ruy@cpd.ufmt.br)
Texto produzido com base no livro “Planejamento de pesquisa – Uma introdução”, de Sérgio Vasconcelos de Luna, editado pela EDUC, São Paulo, 1999, para apoiar o ensino da disciplina-título. Rondonópolis-MT, 20 de Fevereiro de 2010.
 O QUE É PESQUISA CIENTÍFICA
    1. O que não é!
Existem várias formas de conhecimento. Certamente a mais antiga é o conhecimento popular ou senso comum, transmitido boca-a-boca entre as pessoas. Grande parte do processo civilizatório de nossa humanidade baseou-se nessa forma de conhecimento. Pessoas mais observadoras, com maior necessidade ou curiosidade que outras, descreveram fenômenos ocorridos ao seu redor dando origem ao senso comum. Dar um banho frio numa pessoa febril é produto dessa forma de conhecimento, gerado por mães atenciosas e observadoras, e que muito tempo depois foi incorporado por outra forma de saber.
Outra forma é o revelado ou conhecimento religioso que provê ao ser humano respostas para qualquer pergunta. A revelação não pode ser comprovada e torna-se artigo de fé, gerando dogmas insofismáveis e irrefutáveis.
Por fim o conhecimento filosófico obtido pelo ato de pensar sobre determinadas interrogações e encontrar as respectivas respostas plausíveis que não podem ser observadas, nem mensuradas e nem reproduzidas.
A Ciência não se ocupa dessas formas do conhecimento.
    1. Ciência e Pesquisa Científica
Álvaro Vieira Pinto define Ciência como:
[...] a investigação metódica, organizada, da realidade, para descobrir a essência dos seres e dos fenômenos e as leis que os regem com o fim de aproveitar as propriedades das coisas e dos processos naturais em benefício do homem. (VIEIRA PINTO, 1979, p. 30)
Dessa definição tem-se que a Ciência exige método para seu processamento. Por método entende-se, entre outras, a definição de Mário Bunge:
[...] é um procedimento regular, explícito e passível de ser repetido para conseguir-se alguma coisa, seja material ou conceitual. (BUNGE, 1980, p. 19)
Logo, para fazer Ciência é necessário seguir um método científico aceito. Ou seja, a pesquisa científica exige que o pesquisador siga um método, entendido como meio pelo qual se chega aos resultados
As pesquisas científicas têm um objetivo maior: o benefício do homem. Esse objetivo filosófico da pesquisa norteia eticamente o trabalho do pesquisador. Entretanto a pesquisa visa sempre que alguém aprenda alguma coisa, ou seja, a pesquisa visa gerar conhecimento sobre algo para que alguém possa conhecer tal coisa. Não se faz pesquisa sobre o já comprovado, exceto para refutar. A pesquisa científica visa à produção de conhecimento novo, relevante teoricamente, fidedigno e útil socialmente.
Os objetivos de uma pesquisa podem assumir infinitas situações. Por exemplo:
  1. Demonstrar a existência ou ausência de relação entre diferentes fenômenos;
  2. Estabelecer consistência interna entre conceitos dentro de certa teoria;
  3. Desenvolver novas tecnologias;
  4. Demonstrar novas aplicações de tecnologias conhecidas;
  5. Aumentar a generalidade do conhecimento científico;
  6. Descrever as condições sob as quais um fenômeno ocorre.
Obviamente a lista de objetivos das pesquisas é infinita. Entretanto, pelos exemplos nota-se que por meio da pesquisa científica há possibilidade de responder qualquer pergunta factível e relevante.
Pedro Demo define a pesquisa científica como "[...] a atividade científica pela qual descobrimos a realidade" (DEMO, 1987, p. 23). Para Fred Kerlinger a pesquisa científica “[...] é uma investigação sistemática, controlada, empírica e crítica de proposições hipotéticas sobre supostas relações entre fenômenos naturais" (KERLINGER, 1973, p. 11). Ou seja, a pesquisa científica é o instrumento de investigação usado pela Ciência para gerar novos conhecimentos.
    1. Elementos básicos da Pesquisa
Para planejar e executar uma pesquisa científica são necessários os seguintes elementos básicos, sem os quais não há pesquisa:
  1. Problema de pesquisa – formular o problema consiste no conjunto de perguntas que se pretende responder, cujas respostas sejam novas e relevantes teórica e socialmente;
  2. Informações pertinentes – determinar as informações necessárias para encaminhar as respostas das perguntas feitas;
  3. Seleção das fontes – Selecionar as melhores fontes dessas informações;
  4. Definição das ações – definir um conjunto de ações que produzam tais informações;
  5. Tratamento das informações – selecionar um sistema capaz de tratar essas informações;
  6. Base teórica – usar um sistema teórico (marco teórico) para interpretar tais informações;
  7. Respostas – produzir as respostas às perguntas formuladas pelo problema;
  8. Confiabilidade – indicar o grau de confiabilidade das respostas obtidas. Explicar por que aquelas respostas são as melhores possíveis;
  9. Generalização – indicar o grau de generalidade dos resultados. Até que ponto podem-se esperar os mesmos resultados em outros locais ou noutras condições.
A pesquisa científica é um elo entre o pesquisador e a comunidade científica, razão pela qual sua publicidade é elemento indispensável do processo de produção de conhecimento científico. Há uma clara separação entre pesquisar e prestar serviços. Pois, a intervenção do pesquisador numa realidade pode visar ambas as situações ao mesmo tempo, mas não se pode esquecer que a finalidade básica da pesquisa é produzir novos conhecimentos para a Ciência.
  1. O PROJETO DE PESQUISA
Cada caso exige uma solução particular em se tratando de pesquisa científica. Entretanto, a Ciência como sistema organizado exige que um mínimo de planejamento se dê antes da realização de uma pesquisa. Este planejamento denomina-se – Projeto de Pesquisa. Projetar é planejar, antecipar passos a serem dados. Alguns elementos são fundamentais num projeto de pesquisa qualquer, são eles:
    1. O problema de pesquisa
O tema escolhido e o título de uma pesquisa não esclarecem, muitas vezes, o problema de pesquisa. O problema de pesquisa deve ser claramente formulado. Uma das formas de apresentação do problema de pesquisa é no formato de pergunta ou conjunto de perguntas. A formulação do problema de pesquisa deve delimitar (recortar) o trabalho de pesquisa e facilitar os demais passos necessários ao trabalho de investigação, por exemplo, selecionar a literatura a ser revisada visando embasar o trabalho e analisar os resultados.
A relevância de uma pesquisa deve trazer efetiva contribuição ao campo de conhecimento. Tal relevância deve ser julgada por dois aspectos: teórica e social. O pesquisador deve ter em mente que a Ciência é uma construção coletiva e não uma ação individual. Logo, situar o problema onde outros já estudaram é fundamental. Revisar a literatura referente ao problema é a chave que abre os passos seguintes da pesquisa.
    1. Hipóteses e objetivos de pesquisa
Hipótese é a conjectura que o pesquisador faz a respeito dos possíveis resultados a serem obtidos. A hipótese deriva do problema de pesquisa e representa a formalização do problema. Normalmente a hipótese é uma frase afirmativa. Já os objetivos da pesquisa dizem respeito à explicitação do que se espera conseguir com a realização da pesquisa (resultados esperados).
    1. Viabilidade de um projeto de pesquisa
Grandes problemas mundiais ou nacionais não devem ser tratados por pesquisador iniciante. A complexidade é tanta que normalmente nada se produz quando o problema assume tal proporção. Inúmeros fatores afetam a viabilidade de um projeto de pesquisa – tempo, tecnologia disponível, experiência do pesquisador, recursos financeiros são alguns mais comuns. Melhor perguntar a si mesmo: - Quem sou eu para realizar esta pesquisa? Com humildade responda a essa questão antes de perder um tempo precioso e ao final frustrarem-se diante de algo superior as suas forças. Outro fator a ser levado em conta é o cronograma de execução fora da realidade. Uma transcrição de fita gravada costuma estar na relação uma hora gravada para sete de transcrição.
    1. Fontes de informações
A busca da informação necessária pode ser realizada pela observação direta ou indireta, por análise de documentos, pelo relato verbal direto ou indireto. Todas essas formas possuem vantagens e desvantagens. Podendo ser usadas de forma combinada numa mesma pesquisa.
A forma mais direta é a observação, pois ela permite explicações funcionais coerentes, vistas pelo próprio pesquisador sobre o fenômeno observado, mas deixa a desejar quanto à explicação sobre o processo em que se manifestou o fenômeno.
Os relatos verbais são carregados de subjetividade e devem ser tratados com muita cautela. Perguntar a um flamenguista qual é o melhor time de futebol do Rio de Janeiro é tendencioso e contamina a pesquisa, pois a resposta será parcial, sem nenhuma confiabilidade.
Os documentos possuem os mesmo problemas das anteriores, pois foram escritos por pessoas. Para fins de estudo eles são divididos em fontes primárias e secundárias. Obras originais do autor são consideradas fontes primárias, enquanto as traduções ou comentadas são chamadas de fontes secundárias. A pesquisa exige a coleta em fonte primária, exceto quando essa fonte seja inalcançável.
Na escolha da fonte de informação a regra é: - quanto mais direta melhor. No trabalho de pesquisa uma fonte direta é muito mais confiável que a opinião de um especialista, uma “autoridade” no assunto. Os fatos têm a supremacia sobre a opinião. Cuidado com a informação optativa. A escolha das fontes determina os próximos passos da pesquisa.
  1. PROCEDIMENTOS DE COLETA DE INFORMAÇÃO
O problema define as fontes de informações e também, quais procedimentos devem ser adotados para buscar (coletar) tais informações. Entre outras, pode-se coletar dados pela entrevista, observação, análise documental, questionário etc.
    1. Entrevista
A entrevista pode ser aberta ou fechada, isto é, o pesquisador pode limitar as possíveis respostas do entrevistado, por meio de uma entrevista fechada (p.ex. resposta em múltipla escolha, assinalar sim ou não, etc.) ou deixar que o entrevistado discorra livremente sua resposta (aberta). Ambas as formas tem vantagens e desvantagens, entretanto, o pesquisador deve levar em conta que para realizar uma entrevista ele deve considerar a disponibilidade do entrevistado, o limite do tempo disponível, etc.
    1. Observação
Se o fenômeno estudado permite a observação, o pesquisador deve considerar seu uso. Direta ou indireta a observação permite ao pesquisador “ver” o fenômeno acontecer, mas raramente é possível descrever como o processo ocorreu, desde sua gênese ou explicar o porquê ocorreu. A observação deixa o pesquisador diante do fenômeno sem intermediários e isso elimina vieses opinativos de terceiros. O maior problema da observação está na oportunidade, pois nem sempre o fenômeno social ocorre quando o observador está presente. Por isso, cuidado ao escolher essa fonte, a disponibilidade de pessoas envolvidas pode afetar a coleta de informações.
    1. Questionário
A tentação do uso de questionários é grande, mas o fracasso de pesquisas baseadas nessa forma de coleta de dados também é grande. Cerca de 30% dos questionários enviados retornam preenchidos ao pesquisador. Outro fator negativo está na compreensão da pergunta formulado pelo pesquisador, surgindo daí perguntas sem respostas (em branco) ou respondidas de maneira indevida. O emprego de questionário deve ser precedido de teste piloto, quando então se testa a compreensão das perguntas formuladas e das respostas, no caso dos questionários fechados.
    1. Análise documental
Se minha pesquisa vai relacionar se o estudante da UFMT vem de escola pública ou privada, a melhor fonte está no questionário sócio-econômico preenchido pelo aluno no ato da matrícula. Esse documento possui a informação desejada, basta então coletá-la. Isso, a princípio, se chama análise documental.
A seleção de quais documentos, da localização deles e da sua disponibilidade é problema a ser enfrentados pelo pesquisador. Nem sempre os documentos estão acessíveis ao pesquisador. Caso opte pela análise documental, então buscar a informação na fonte primária é o correto. Em nosso exemplo o questionário preenchido pelo calouro é a fonte primária, enquanto os registros lançados pelos técnicos da universidade são considerados fontes secundárias.
  1. TRANSFORMAÇÃO E TRATAMENTO DE DADOS
Os dados foram coletados, e agora? Pois bem, é hora de tratar os dados e transformá-los em informações úteis à pesquisa. Dependendo da forma em que se deu a coleta o tratamento dos dados será longo, demorado e complexo, ou rápido e simples.
Fitas de áudio ou vídeo gravadas são lentas para degravação e tratamento. No momento da coleta tais formas são simples, mas seu tratamento é lento e complexo. Outras formas como os protocolos de observação permitem um tratamento mais simples, pois na coleta o pesquisador registrou, por exemplo, a ocorrência do fato e o tempo que durou. No momento do tratamento esses dados são tabulados com facilidade e de rápida interpretação. Um registro feito num questionário fechado é simples na hora do tratamento, pois o dado está pronto para ser tabulado e interpretado.
A criação de escalas e unidades de análise vão direcionar o trabalho de tratamento e transformação de dados em informação. Escalas suportam informação do tipo sim ou não, certo ou errado, gênero: masculino ou feminino. Enquanto as unidades de análise exigem um referencial teórico claro que gere tais unidades. A teoria gera a categoria de análise ou a categoria de registro.
As categorias de registro representam fatos registrados, com um mínimo de interpretação exigida. Ao passo que as categorias de análise nascem da teoria adotada pelo pesquisador e exigem maior esforço para tratar o dado e classificá-lo nas categorias previamente determinadas.
Nas categorias de análise quando a pesquisa é quantitativa, normalmente permite o tratamento estatístico, as existências de modelos de tratamento das informações facilitam o trabalho do pesquisador em transformar dados em informação e a categorização para a análise.
Ao passo que nas pesquisas qualitativas isso é complexo. Quando a teoria fornece as unidades de análise prévias o tratamento é mais fácil. Entretanto, caso isso não aconteça às categorias devem “brotar” da leitura do material coletado, o que é uma temeridade. Nesse caso, devem-se empregar as técnicas de “análise de conteúdo” (Bardin1) ou de “análise etnográfica” (Bogdan e Biklen2).
Melhor definir previamente as categorias (unidades) de análise com base na revisão teórica do que garimpar na fase de tratamento de dados.
Ao concluir essa fase as informações precisam apresentar um mínimo de compatibilidade e integração, sob risco de inviabilizar o trabalho seguinte. Assim vale a recomendação de Sérgio Vasconcelos de Luna:
Um grande volume de informações, tratado na ausência de unidades prévias, implica uma quantidade considerável de ambigüidade e de interpretação, o que significa aumentar sensivelmente a incerteza da análise. (LUNA, 1998, p. 68)
Planejar é também aumentar as probabilidades de sucesso de uma pesquisa.
  1. GENERALIDADE DO CONHECIMENTO
Se o estudo tem como referência uma escola e chega a resultados conclusivos sobre determinado assunto o que se pergunta é se esse resultado é válido para outras escolas semelhantes, e também, sobre a possibilidade de se eliminarem idiossincrasias daquela escola pesquisada e os resultados generalizados a outras escolas.
Quando se trabalha com abordagens experimentais e quase-experimentais (conforme Campbell e Stanley3) os critérios para avaliar fidedignidade e generalidade são essencialmente estatísticos, ou seja, probabilísticos. Ao submeter uma hipótese ao teste estatístico o pesquisador quer avaliar a probabilidade de que os resultados obtidos são frutos da pesquisa ou meramente frutos do acaso.
Para que se tenha confiabilidade nos resultados da pesquisa quantitativa é necessário que haja representatividade da amostra em relação à população. Como não se pode estudar todos os alunos de uma cidade, extraí-se uma determinada quantidade desse universo (amostra) e trabalha-se com essa pequena parte representativa. Quanto mais próxima a amostra estiver do universo estudado, melhor será a generalização dos resultados obtidos.
Como é possível que além dos fatores (variáveis) estudados numa pesquisa, outros também influenciem os resultados obtidos, no caso da pesquisa experimental usa-se procedimentos de controle para aumentar a confiabilidade, embora limitando a generalidade. Isso leva a conclusão de que nas pesquisas experimentais e quase-experimentais o maior controle das condições de pesquisa trás maior rigor metodológico e maior fidedignidade dos dados, ao mesmo tempo em que reduz a generalidade.
    1. Generalização em Pesquisas Educacionais
Após 1954, o governo dos Estados Unidos da América do Norte decidiu investir pesado na pesquisa educacional, aumentando as verbas de fomento e por conseqüência, um aumento de pesquisadores e pesquisas nesse campo. Dessa nova condição surgem várias correntes de pesquisadores em oposição aos paradigmas positivistas da Ciência daquela época, quase hegemônicos da pesquisa quantitativa experimental, com análise estatística.
Tais correntes de pensadores criaram alternativas metodológicas capazes de estudar e descrever a realidade da escola e de seus integrantes. No Brasil o mesmo fenômeno ocorre duas décadas depois.
Na Década de 1970 surgem muitos resultados de pesquisa educacional qualitativa, de valor explicativo, em formato descritivo, captando concepções, representações de indivíduos e oferecendo uma enxurrada de relatos de professores, orientadores educacionais, diretores de escola, alunos de diferentes níveis de ensino, falando sobre o que fazem e pretendem, sobre dificuldades que enfrentam e muitos outros tópicos educacionais.
Nesse período há uma predominância do “estudo de caso”, não no sentido proposto por Robert K. Yin4, mas como o estudo de uma só escola. O que fazer com esses resultados descritivos? Para que eles servem em termos científicos? Como prestação de serviços de consultoria pedagógica àquela escola os resultados são válidos. Mas, além daquela escola pode-se generalizar os resultados? Ou ainda, os resultados ultrapassam a descrição dos fenômenos estudados? Aumentam a teoria existente? De que serve fatos que não se integram? Explicações ad hoc não podem ser generalizadas, pois dizem respeito a uma só coisa de um só lugar.
A pesquisa em educação passou trinta anos no Brasil excessivamente comprometida com a intervenção, sem que haja compromisso equivalente na geração de conhecimento novo. Prestação de serviço demais e pesquisa científica de menos.
A generalização de pesquisa qualitativa é a ampliação do poder explicativo dos resultados. Só a teorização, isto é, uma fundamentação teórica forte pode dar aos resultados qualitativos a capacidade de serem usados em outras situações semelhantes.
A descrição de informações obtidas caracteriza a entrada do pesquisador em uma área inexplorada, nova ou em revisão. Seu emprego como pesquisa exploratória é desejável e deve ser incentivada.
  1. REVISÃO DE LITERATURA
A revisão de literatura tem papel fundamental na pesquisa científica, pois é através dela que o pesquisador situa seu trabalho dentro da área de pesquisa da qual faz parte, contextualizando-o e situando o tema pela definição dos autores pertinentes que fundamentam a investigação. A revisão de literatura identifica a linha teórica em que a pesquisa se insere com base nos autores selecionados.
Dependendo do nível em que a pesquisa se situa o tempo que devemos retroceder na revisão é maior ou menor. Quando uma área possui boa produção então retroceder de quatro a cinco anos é um tempo suficiente para revisar a literatura.
O trabalho de revisão de literatura em uma pesquisa possui vários outros nomes: marco teórico; revisão teórica, levantamento teórico; fundamentação teórica; levantamento de literatura, etc. Todos com o mesmo objetivo maior: mapear quem já escreveu e o que já foi escrito sobre o problema da pesquisa. A revisão da literatura possui outros objetivos discutidos a seguir.
    1. Determinar o estado-da arte
Pesquisadores experientes costumam dedicar-se a esse objetivo, cuja intenção é determinar como está uma dada área de pesquisa. É um trabalho exaustivo e complexo.
    1. Revisão teórica
Nesse caso o objetivo é revisar as teorias sobre um dado problema de pesquisa, circunscrevendo-o num determinado quadro teórico. Esse objetivo está presente na maioria das pesquisas científicas.
    1. Revisão de pesquisas empíricas
Para explicar como certo problema vem sendo pesquisado numa dada área os pesquisadores determinam a revisão de pesquisas empíricas como objetivo. Nessa forma de revisar o objetivo está na explicação de como um problema vem sendo pesquisado metodologicamente. Esse tipo de revisão ajuda a responder perguntas como: - Quais procedimentos normalmente são empregados no estudo desse problema? – Que fatores vêm afetando os resultados? – Que propostas têm sido feitas para controlá-los ou explicá-los? – Que procedimentos vêm sido usados para analisar os resultados? – Existem relatos de generalização dos resultados? – Dependem do quê?
    1. Revisão histórica
As revisões históricas são extremamente importantes, por recuperar a evolução de um conceito ou de uma área, tema, etc. e sua inserção num determinado quadro de referência que explique as mudanças ocorridas. Entretanto, as revisões históricas são raras nos dias atuais.
Ninguém deveria entrar em uma nova área de conhecimento sem realizar uma revisão histórica de seus conceitos.
  1. REFERÊNCIAS
BUNGE, Mario. Epistemologia. São Paulo: Edusp, 1980.
DEMO, Pedro. Metodologia científica em ciências sociais. São Paulo: Atlas, 1981.
KERLINGER, Fred N. Foundations of behavioral research. New York: Holt, Rinehart &Winston, 1973.
LUNA, Sérgio Vasconcelos de. Planejamento de pesquisa: uma introdução. São Paulo: EDUC, 1999.
VIEIRA PINTO, Álvaro. Ciência e existência. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
  1. BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
ALVES-MAZZOTTI, A. J., GEWANDSZNAJDER, F. O Método nas Ciências Naturais e Sociais. São Paulo: Editora Pioneira Thomson Learning. 2. ed. 1999.
ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução a Metodologia do Trabalho Cientifico. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1999.
BUNGE, M. Epistemologia – Curso de Atualização. São Paulo: T. A. Queiroz, Editor e EDUSP. 1987.
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1991.
______. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1999.
LÜDKE, Menga: ANDRÉ, Marli E.D.A. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia Cientifica. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2003.
______. Metodologia do Trabalho Científico: Procedimentos Básicos: Pesquisa bibliográfica, projeto e relatório: Publicações e trabalhos científicos. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2001.
MARTINS, Joel. Pesquisa qualitativa. In: FAZENDA, Ivani (org.). Metodologia da Pesquisa Educacional. São Paulo: Cortez, 2001.
MINAYO, Maria Cecília de Souza [org.]. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 24. ed. Petrópolis: Vozes, 1994.
RICHARDSON, Roberto Jary et al.. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho cientifico. 22 ed. São Paulo: Cortez, 2002.
TEXTOS UTILIZADOS NA DISCIPLINA MTPE EM 2010
ARQUIVO
CONTEÚDO
MTPEdu_2010
Plano de Ensino da disciplina
MTPE_01
Introdução da disciplina com o texto produzido com base no livro “Planejamento de pesquisa – Uma introdução”, de Sérgio Vasconcelos de Luna, editado pela EDUC, São Paulo, 1999
MTPE_02
Este texto tem como finalidade apresentar os conceitos gerais utilizados na pesquisa científica
MTPE_03
Texto produzido com a finalidade de oferecer uma visão geral sobre a elaboração de resumo, seguindo a orientação da norma NBR 6028/2003, emanada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas.
MTPE_04
Com base na obra Estudo de Caso: Planejamento e Métodos, de Robert K. Yin, este texto tem como objetivo apresentar uma visão geral sobre a estratégia de pesquisa “Estudo de Caso”.
MTPE_05
Texto produzido com a finalidade de oferecer uma visão geral sobre o trabalho de revisão de literatura em um projeto de pesquisa, baseado em material didático elaborado por Luiz Fernando Amaral dos Santos.
MTPE_06



1 BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.
2 BOGDAN, Robert e BIKLEN, Sari. Investigação qualitativa em Educação – Uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora, 1991.
3 CAMPBELL, D. T. ; STANLEY, J. C. Delineamentos experimentais e quase-experimentais de pesquisa. São Paulo: EPU/Edusp, 1979.
4 YIN, Robert K. Estudo de caso: Planejamento e Métodos. Trad. Daniel Grassi. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
Enviado por: Ruy Ferreira 
Arquivado no curso de Sistemas  de Informação na UFMT



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Oi amigos, principalmente para aqueles que estão iniciando a vivência científica. Vim dar umas dicas para vocês que desejam começar alguma pesquisa vislumbrando feiras de ciências ou seminários estudantis. 
Primeiramente, tire de sua mente que vai fazer uma pesquisa em pouco tempo e ela ficará boa. Em segundo lugar, se não for para terminar, nem inicie uma pesquisa. Não existe pesquisa inútil, o que existe são resultados momentâneos. E para terminar, se você busca uma forma fácil e rápida de se tornar um cientista, nem termine de ler esse post. 
Para início de conversa, pense em algo que goste ou que tenha afinidades ou conhecimentos. Não tente ter ideias sobre assuntos que você não conhece, não tente fazer pesquisas sobre coisas a que você não tem acesso, nem mesmo inicie uma pesquisa em que você sabe que vai necessitar de equipamentos ou documentos dos quais não dispõe ou cogita dispor. Após ter sua ideia brilhante, busque ler sobre o assunto, não se preocupe com o tempo gasto com leitura, nenhum tempo gasto com leitura é tempo desperdiçado. Se em no máximo um mês, um mês e meio após o início de sua pesquisa você constatar que não terá os resultados desejados, abandone a pesquisa, ou insista e tente obter resposta sobre o porque de não conseguir realizar o que pretende. Lembrando sempre, não inicie uma pesquisa de feira de ciências com menos de seis meses para o desenvolvimento da mesma, sabendo que esse é um tempo imensamente curto para a realização de qualquer pesquisa suficientemente aprofundada e bem desenvolvida. Não tente inventar dados, nem mesmo copiar textos sem citar. Você pode citar em sua bibliografia os livros que leu e não citou, mas nunca citar um livro e não referenciá-lo na bibliografia. 





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Método Científico - Etapas

1. Definição
Trata-se de um processo de pesquisa que segue uma determinada sequência de etapas. São elas: observação, problematização, formulação da hipótese, experimentação e teoria.
2. Etapas do Metodo Cientifico
Observação: Como o próprio diz, é a visualização de um fato (ou fenômeno). Essa observação deve ser repetida várias vezes, buscando obter o maior número possível de detalhes sendo, realizada, portanto, com a maior precisão possível. Deve-se tomar o cuidado com os “vícios” para ocorra uma observação correta do fato; em muitos casos, a pessoa ver o que deseja ver, e não o que está ocorrendo de fato.
Problematização: Corresponde à execução de questionamentos sobre o fato observado. E para essas perguntas, o pesquisador vai à busca de respostas.  Um problema bem formulado é mais importante para a ciência do que a sua solução, pois, abrir caminho para diversas outras pesquisas.
Formulação da hipótese: A hipótese nada mais é do que uma possível explicação para o problema. No jargão científico, hipótese equivale, habitualmente, à suposição verossímel, depois comprovável ou denegável pelos fatos, os quais hão de decidir, em última instância, sobre a verdade ou falsidade dos fatos que se pretende explicar. "A hipótese é a suposição de uma causa ou de uma lei destinada a explicar provisoriamente um fenômeno até que os fatos a venham contradizer ou afirmar." (Cervo & Bervian,1974:29)
Experimentação: Etapa em que o pesquisador realiza experiências para provar (ou negar) a veracidade de sua(s) hipótese(s). Se, após a execução por repetidas vezes da experiência, os resultados obtidos forem os mesmos, a hipótese é considerada verdadeira.
Na antiguidade, as experiências não eram controladas – experiências empíricas – muito usadas pelos alquimistas. Nesse modelo, as experiências eram do tipo tentativa-erro; com isso, as descobertas acabam sendo puramente casual.
Na experiência controlada, usam-se dois grupos: o experimental e o grupo teste (grupo controle ou testemunho).
No grupo experimental é testada uma variável; as demais condições devem ser iguais às do grupo controle que, por sua vez, corresponde ao grupo em que a referida variável não aparece e, assim, serve de referência para análise dos resultados.

     Veja um exemplo bem simplificado:
Se um pesquisador deseja saber a influência de determinado mineral “M” na floração de uma determinada espécie vegetal, deverá usar dois grupos de plantas nas mesmas condições, diferindo um do outro apenas no mineral M. O grupo portador do mineral é o grupo experimental e o que não possui o mineral é o grupo controle.
Se os resultados obtidos forem estatisticamente iguais, o mineral M não interfere na floração; caso os resultados obtidos nos dois grupos forem estatisticamente diferentes, o mineral M é o responsável pelas diferenças observadas.

Uma hipótese confirmada nas experimentações passa a ser denominada de lei científica.  A um conjunto de leis que explicam um determinado fenômeno (ou grupo deles) chamamos de teoria. As teorias científicas têm validade até que sejam incapazes de explicar determinados fatos ou fenômenos, ou até que algum descobrimento novo comprovado se oponha a elas. A partir de então, os cientistas começam a elaborar outra teoria que possa explicar esses novos descobrimentos. A Ciência é conhecimento evolutivo e não estacionário.
Questões Propostas:
01) (Unimontes – junho/2009) A tirinha abaixo apresenta um diálogo entres dois animais. Observe-a.
Metodo Cientifico
                                 
Estabelecendo uma relação entre o diálogo apresentado e o método científico, analise as alternativas abaixo e assinale a CORRESPONDENTE à etapa de uma pesquisa que melhor justifica a apreensão de um dos animais e o pedido de calma do outro.
a) Levantamento de hipótese.
b) Conclusões.
c) Análise de resultados.
d) Experimentação.
02) (Unimontes/2009) No nosso cotidiano, acontecem, geralmente, coisas que servem para ilustrar determinados estudos teóricos.
A contextualização é um meio muito utilizado para enriquecermos nosso conhecimento. As figuras a seguir mostram elementos que exemplificam essa idéia. Observe-as.
Método Científico
De acordo com as figuras e o assunto abordado, analise as alternativas a seguir e assinale a que REPRESENTA os passos correspondentes à experimentação (parte prática) evidenciada no desenvolvimento de uma pesquisa científica.
a) I, II e III.
b) I e III, apenas
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
Gabarito:
01 - D; 02 - D




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O Conhecimento Científico

O conhecimento científico é real (factual) porque lida com ocorrências ou fatos, isto é, com toda "forma de existência que se manifesta de algum modo" (Trujillo, 1974:14).
Constitui um conhecimento contingente, pois suas preposições ou hipóteses têm a sua veracidade ou falsidade conhecida através da experimentação e não apenas pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico.
É sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de idéias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos.

Possui a característica da verificabilidade, a tal ponto que as afirmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência.
Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final e, por este motivo, é aproximadamente exato: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.

(Lakatos, Eva M. e Marconi, Marina A., "Metodologia Científica", Editora Atlas S.A., São Paulo SP. 1991, p.17)

"A investigação científica se inicia quando se descobre que os conhecimentos existentes, originários quer das crenças do senso comum, das religiões ou da mitologia, quer das teorias filosóficas ou científicas, são insuficientes e imponentes para explicar os problemas e as dúvidas que surgem". (p. 30)
"Nesse sentido, iniciar uma investigação científica é reconhecer a crise de um conhecimento já existente e tentar modificá-lo, ampliá-lo ou substituí-lo, criando um novo que responda à pergunta existente". (p. 30)
"O conhecimento científico, na sua pretensão de construir uma resposta segura para responder às dúvidas existentes, propõe-se atingir dois ideais: o ideal da racionalidade e o ideal da objetividade". (p. 30)

"O ideal da racionalidade está em atingir uma sistematização coerente do conhecimento presente em todas as suas leis e teorias. (...) A ciência, no momento em que sistematiza as diferentes teorias, procura uni-las estabelecendo relações entre um e outro enunciado, entre uma e outra lei, entre uma e outra teoria, entre um e outro campo da ciência, de forma tal que se possa, através dessa visão global, perceber as possíveis inconsistências e corrigi-las". (p. 31)

"Essa verificação da coerência lógica entre os enunciados, ou entre teorias e leis, é um dos mecanismos que fornece um dos padrões de aceitação ou rejeição de uma teoria pela comunidade científica: os padrões da verdade sintática. Os enunciados científicos devem ser isentos de ambigüidade e de contradição lógica. É uma das condições necessárias, embora não suficiente". (p. 31)
"O ideal da objetividade, por sua vez, pretende que as teorias científicas, como modelos teóricos representativos da realidade, sejam construções conceituais que representam com fidelidade o mundo real, que contenham imagens dessa realidade que sejam "verdadeiras", evidentes, impessoais, passíveis de serem submetidas a testes experimentais e aceitas pela comunidade científica como provadas em sua veracidade. Esse é o mecanismo utilizado para avaliar a verdade semântica". (p. 32)
"A ciência exige o confronto da teoria com os dados empíricos, exige a verdade semântica, como um dos mecanismo utilizados para justificar a aceitabilidade de uma teoria. Esse fator, por si só, porém, não garante a objetividade do conhecimento científico. Apesar de a ciência trabalhar com dados, provas factuais, ela não fica isenta de erros na interpretação dessas provas. Por mais que se esforce, o cientista, o investigador, estará sendo sempre influenciado por uma ideologia, por uma visão de mundo, pela sua formação, pelos elementos culturais e pela época em que vive. (p. 32)
" Ao contrário do senso comum, portanto, o conhecimento científico não aceita a opinião ou o sentimento de convicção como fundamento para justificar a aceitação de uma afirmação. Requer a possibilidade de testes experimentais e da avaliação de seus resultados poder ser feita de forma intersubjetiva". (p. 32)



"Ao contrário do que costuma acontecer no senso comum, a linguagem do conhecimento científico utiliza enunciados e conceitos com significados bem específicos e determinados. A significação dos conceitos é definida à luz das teorias que servem de marcos teóricos da investigação, proporcionando-lhes, desta forma, um sentido unívoco, consensual e universal. A definição dos conceitos, elaborada à luz das teorias, transforma-os em construtos, isto é, em conceitos que têm uma significação unívoca convencionalmente construída e dessa forma universalmente aceita pela comunidade científica". (p. 33)
"Os conhecimentos de hoje se sustentam, em grande parte, no aperfeiçoamento, na correção, expansão ou substituição dos conhecimentos do passado". (p. 36)
"O que distingue o conhecimento científico dos outros, principalmente do senso comum, não é o assunto, o tema ou o problema. O que distingue é a forma especial que adota para investigar os problemas. Ambos podem ter o mesmo objeto de conhecimento. A atitude, a postura científica consiste em não dogmatizar os resultados das pesquisas, mas tratá-los como eternas hipóteses que necessitam de constante investigação e revisão crítica intersubjetiva é que torna um conhecimento objetivo e científico. Ter espírito científico é estar exercendo esta constante crítica e criatividade em busca permanente da verdade, propondo novas e audaciosas hipóteses e teorias e expondo-as à critica intersubjetiva. O oposto ao espírito científico é o dogmático, que impede a crítica por se julgar auto-suficiente e clarividente na sua compreensão da realidade. O conhecimento científico é, pois, o que é construído através de procedimentos que denotem atitude científica e que, por proporcionar condições de experimentação de suas hipóteses de forma sistemática, controlada e objetiva e ser exposto à crítica intersubjetiva, oferece maior segurança e confiabilidade nos seus resultados e maior consciência dos limites de validade de suas teorias". (p. 37)
Exemplo de conhecimento científico: "Os planetas giram em torno do Sol em órbitas elipticas, com o Sol ocupando um de seus focos."


"A verdade é o objetivo da ciência, ainda que não possamos saber que a atingimos se, por acaso, isso ocorrer."
(Popkin, Richard, "Ceticismo", Editora da Universidade Federal Fluminense, Niterói RJ. 1996, p.55)
"Embora isso possa parecer um paradoxo, toda a ciência exata é donimada pela idéia da aproximação."Bertrand Russel
"A ciência tem provas sem certeza. Os teólogos têm certeza sem qualquer prova."
Ashley Montagu
"A ciência está aberta à crítica, que é o oposto da religião. A ciência implora para que você prove que ela está errada - que é todo o conceito - onde a religião o condena se você tentar provar que ela está errada. Ela te diz aceite com fé e cale a boca."
Jason Stock

A Ciência e a Religião. Qual é a relação entre ciência e religião? Até que ponto seus objetivos e métodos divergem? Elas podem ser conciliadas?


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Ciência e Conhecimento Científico



      
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO E OUTROS TIPOS DE CONHECIMENTO

      Ao se falar em conhecimento científico, o primeiro passo consiste em diferenciá-lo de outros tipos de conhecimento
s existentes. Para tal, analisemos uma situação histórica, que pode servir do exemplo.
      Desde a Antiguidade, até aos nossos dias, um camponês, mesmo iletrado e/ou desprovido de outros conhecimentos, sabe o momento certo da semeadura, a época da colheita, a necessidade da utilização de adubos, as providências a serem tomadas para a defesa das plantações de ervas daninhas e pragas e o tipo de solo adequado para as diferentes culturas. Tem também conhecimento de que o cultivo do mesmo tipo, todos os anos, no mesmo local, exaure o solo. Já no período feudal, o sistema de cultivo era em faixas: duas cultivadas e uma terceira "em repouso" , alternando-as de ano para ano, nunca cultivando a mesma planta, dois anos seguidos, numa única faixa. O início da Revolução Agrícola não se prende ao aparecimento, no século XVIII, de melhores arados, enxadas e outros tipos de maquinaria, mas à introdução, na segunda metade do século XVII, da cultura do nabo e do trevo, pois seu plantio evitava o desperdício de deixar a terra em pouso: seu cultivo "revitalizava" o solo, permitindo o uso constante. Hoje, a agricultura utiliza-se de sementes selecionadas, de adubos químicos, de defensivos contra as pragas e tenta-se, até, o controle biológico dos insetos daninhos.
      Mesclam-se, neste exemplo, dois tipos de conhecimento: o primeiro, vulgar ou popular, geralmente típico do camponês, transmitido de geração pare geração por meio da educação informal e baseado em imitação e experiência pessoal; portanto, empírico e desprovido de conhecimento sobre a composição do solo, das causas do desenvolvimento das plantas, da natureza das pragas, do ciclo reprodutivo dos insetos etc.; o segundo, científico, é transmitido por intermédio de treinamento apropriado, sendo um conhecimento obtido de modo racional, conduzido por meio de procedimentos científicos. Visa explicar "por que” e "como" os fenômenos ocorrem, na tentativa de evidenciar os fatos que estão correlacionados, numa visão mais globalizante do que a relacionada com um simples fato - uma cultura específica, de trigo, por exemplo.
       Correlação entre Conhecimento Popular Conhecimento Científico
      O conhecimento vulgar ou popular, às vezes denominado senso comum, não se distingue do conhecimento científico nem pela veracidade nem pela natureza do objeto conhecido: o que diferencia é a forma, o modo ou o método e os instrumentos do "conhecer". Saber que determinada planta necessita de uma quantidade "X" de água e que, se não a receber de forma "natural”, deve ser irrigada pode ser um conhecimento verdadeiro e comprovável, mas, nem por isso, científico. Para que isso ocorra, é necessário ir mais além: conhecer a natureza dos vegetais, sua composição, seu ciclo de desenvolvimento e as particularidades que distinguem uma espécie de outra. Dessa forma, patenteiam-se dois aspectos:
      a) A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade.
      b) Um mesmo objeto ou fenômeno .- uma planta, um mineral, uma comunidade ou as relações entre chefes e subordinados -- pode ser matéria do observação tanto para o cientista quanto pare o homem comum; o que leva um ao conhecimento científico e outro ao vulgar ou popular é a forma de observação.
     Para Bunge (1976:20), a descontinuidade radical existente entre a Ciência e o conhecimento popular, em numerosos aspectos (principalmente no que se refere ao método), não nos deve fazer ignorar certa continuidade em outros aspectos, principalmente quando limitamos o conceito, de conhecimento vulgar ao "bom-senso". Se excluirmos o conhecimento mítico (raios e trovões como manifestações de desagrado da divindade pelos comportamentos individuais ou sociais), verificamos que tanto o "bom-senso" quanto a ciência almejam ser racionais e objetivos: "são críticos e aspiram à coerência (racionalidade) e procuram adaptar-se aos fatos, em vez de permitir-se especulações sem controle (objetividade)", Entretanto, o ideal de racionalidade, compreendido como uma sistematização coerente de enunciados fundamentados a passíveis de verificação, é obtido muito mais por intermédio de teorias, que constituem o núcleo da Ciência, do que pelo conhecimento comum, entendido como acumulação de partes ou "peças" de informação frouxamente vinculadas. Por sua vez, o ideal de objetividade, isto é, a construção, de imagens da realidade, verdadeiras e impessoais, não pode ser alcançada se não ultrapassar os estreitos limites: da vida cotidiana, assim como da experiência particular, é necessário abandonar o ponto do vista antropocêntrico, para formular hipóteses sobre a existência de objetos a fenômenos além da própria percepção o de nossos sentidos, submetê-los à verificação planejada e interpretada com o auxílio das teorias. Por esse motivo é que o senso comum, ou o "bom-senso", não pode conseguir mais do que uma objetividade limitada, assim como é limitada sua racionalidade, pois está estreitamente vinculado à percepção e à ação.

     
Características do Conhecimento Popular

      "Se o 'bom-senso', apesar de sua aspiração à racionalidade e objetividade, só consegue atingir essa condição de forma muito limitada", pode-se dizer que o conhecimento vulgar ou popular, latu sensu, é o modo comum, corrente e espontâneo de conhecer, que se adquire no trato direto com as coisas e os seres humanos: "é o saber que preenche nossa vida diária e que se possui sem o haver procurando ou estudando, sem a aplicação de um método e sem se haver refletido sobre algo" (Babini,1957:21).
      Para Ander-Egg (1978:13-4), o conhecimento popular caracteriza-se por ser predominantemente:
      • superficial, isto é, conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar       simplesmente estando junto das coisas: expressa-se por frases como “porque o vi", “porque o       senti” ,"porque o disseram”, “porque todo mundo o diz";
      • sensitivo, ou seja, referente a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária;
      • subjetivo, pois é o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos, tanto       os que adquire por vivência própria quanto os "por ouvi dizer”;
      • assistemático, pois esta "organização" das experiências não visa a uma sistematização das       idéias, nem na forma de adquiri-las nem na tentativa de validá-las;
      • acrítico, pois, verdadeiros ou não, a pretensão de que esses conhecimentos o sejam não se       manifesta sempre de uma forma crítica.
       Os Quatro Tipos de Conhecimento
      Verificamos, dessa forma, que o conhecimento científico diferencia-se do popular muito mais no que se refere ao seu contexto metodológico do que propriamente ao seu conteúdo. Essa diferença ocorre também em relação aos conhecimentos filosófico e religioso (teológico).
      Trujillo (1974-11) sistematiza as características dos quatro tipos de conhecimento:
      Conhecimento popular
      Valorativo
      Reflexivo
      Assistemático
      Verificável
      Falível
      Inexato
      Conhecimento Científico
      Real (factual)
      Contingente
      Sistemático
      Verificável
      Falível
      Aproximadamente exato
      Conhecimento Filosófico
      Valorativo
      Racional
      Sistemático
      Não verificável
      Infalível
      Exato
      Conhecimento Religioso (Teológico)
      Valorativo
      Inspiracional
      Sistemático
      Não verificável
      Infalível
      Exato
     CONHECIMENTO POPULAR
     
     O conhecimento popular é valorativo por excelência, pois se fundamenta numa seleção operada com base em estados de ânimo e emoções: como o conhecimento implica uma dualidade de realidades, isto é, de um lado o sujeito cognoscente e, de outro, o objeto conhecido, e este é possuído, de certa forma, pelo cognoscente, os valores do sujeito impregnam o objeto conhecido. É também reflexivo, mas, estando limitado pela familiaridade com o objeto, não pode ser reduzido,a uma formulação geral. A característica de assistemático baseia-se na "organização" particular das experiências próprias do sujeito cognoscente, e não em uma sistematização das idéias, na procura de uma formulação geral que explique os fenômenos observados, aspecto que dificulta a transmissão, de pessoa a pessoa, desse modo de conhecer. É verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito àquilo que se pode perceber no dia-a-dia. Finalmente é falível e inexato, pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a respeito, do objeto. Em outras palavras, não permite a formulação de hipóteses sobre a existência de fenômenos situados além das percepções objetivas.

      
CONHECIMENTO FILOSÓFICO
      O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação: "as hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência, portanto, este conhecimento emerge da experiência e não da experimentação" (Trujillo, 1974:12); por este motivo, o conhecimento filosófico é não verificável, já que os enunciados das hipóteses filosóficas, ao contrario do que ocorre no campo da ciência, não podem ser confirmados nem refutados. É racional, em virtude de consistir num conjunto de enunciados logicamente correlacionados. Tem a característica de sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, nua tentativa de apreendê-la em sua totalidade. Por último, é infalível e exato, já que, quer na busca da realidade capaz de abranger todas as outras, quer definição do instrumento capaz de apreender a realidade, seus postulados, assim como suas hipóteses, não são submetidos ao decisivo teste da observação (experimentação). Portanto, o conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão pura para questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o errado, unicamente recorrendo às luzes da própria razão humana. Assim, se o conhecimento científico abrange fatos concretos, positivos, e fenômenos perceptíveis pelos sentidos, através do emprego de instrumentos, técnicas e recursos de observação, o objeto de análise da filosofia são idéias, relações conceptuais, exigências lógicas que não são redutíveis a realidades materiais e, por essa razão, não são passíveis de observação sensorial direta ou indireta (por instrumentos), como a que é exigida pela ciência experimental. O método por excelência da ciência é o experimental: ela caminha apoiada nos fatos reais e concretos, afirmando somente aquilo que é autorizado pela experimentação. Ao contrário, a filosofia emprega “o método racional, no qual prevalece o processo dedutivo, que antecede a experiência, e não exige confirmação experimental, mas somente coerência lógica” (Ruiz, 1979:110). O procedimento científico leva a circunscrever, delimitar, fragmentar e analisar o que se constitui o da pesquisa, atingindo segmentos da realidade, ao passo que a filosofia encontra-se sempre à procura do que é mais geral, interessando-se pela formulação de uma concepção unificada e unificante do universo. Para tanto, procura responder às grandes indagações do espírito humano e, até, busca as leis mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência.
      Conhecimento Religioso
      O conhecimento religioso, isto é, teológico, apóia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis (exatas); é um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas evidências não são verificadas: está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado. Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as “verdades” tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em “revelações” da divindade (sobrenatural). A adesão das pessoas passa a ser um ato de fé, pois a visão sistemática do mundo é interpretada como decorrente do ato de um criador divino, cujas evidências não são postas em dúvida nem sequer verificáveis. A postura dos teólogos e cientistas diante da teoria da evolução das espécies, particularmente do Homem, demonstra as abordagens diversas: de um lado, as posições dos teólogos fundamentam-se nos ensinamentos de textos sagrados; de outro, os cientistas buscam, em suas pesquisas, fatos concretos capazes de comprovar (ou refugar) suas hipóteses. Na realidade, vai-se mais longe. Se o fundamento do conhecimento científico consiste na evidência dos fatos observados e experimentalmente controlados, e o do conhecimento filosófico e de seus enunciados, na evidência lógica, fazendo com que em ambos os modos de conhecer deve a evidência resultar da pesquisa dos fatos ou da análise dos conteúdos dos enunciados, no caso do conhecimento teológico o fiel não se detém nelas à procura de evidência, pois a toma da causa primeira, ou seja, da revelação divina.
      Conhecimento Científico
      Finalmente, o conhecimento científico é real (factual) porque lida com ocorrências ou fatos, isto é, com toda “forma de existência que se manifesta de algum modo” (Trujillo, 1974:14). Constitui um conhecimento contingente, pois suas proposições ou hipóteses tem sua veracidade ou falsidade conhecida através da experiência e não apenas pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. É sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de idéias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos. Possui a característica de verificabilidade, a tal ponto que as afirmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final e, por este motivo, é aproximadamente exato: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.
      Apesar da separação “metodológica” entre os tipos de conhecimento popular, filosófico, religioso e científico, no processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito cognoscente pode penetrar nas diversas áreas: ao estudar o homem, por exemplo, pode-se tirar uma série de conclusões sobre sua atuação na sociedade, baseada no senso comum ou na experiência cotidiana; pode-se analisá-lo como um ser biológico, verificando, através de investigação experimental, as relações existentes entre determinados órgãos e suas funções; pode-se questiona-lo quanto à sua origem e destino, assim como quanto à sua liberdade, finalmente, pode-se observá-lo como ser criado pela divindade, à sua imagem e semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados.
      Por sua vez, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes de senso comum.
      Conceito de Ciência
      Diversos autores tentaram definir o que se entende por ciência. Consideramos mais precisa a definição de Trujillo Ferrari, expressa em seu livro Metodologia da ciência.
      Entendemos por ciência uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar: "A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação” (1974:8).
      As ciências possuem:
      a) Objetivo ou finalidade. Preocupação em distinguir a característica comum ou as leis gerais que regem determinados eventos
      b) Função. Aperfeiçoamento, através do crescente acervo de conhecimentos, da relação do homem com o seu mundo.
      c) Objeto. Subdividido em: material, aquilo que se pretende estudar, analisar, interpretar ou verificar, de modo geral; formal, o enfoque especial, em face das diversas ciências que possuem o mesmo objeto material.

      
Classificação e Divisão da Ciência
      A complexidade do universo e a diversidade de fenômenos que nele se manifestam, aliadas à necessidade do homem de estuda-los para poder entende-los e explicá-los, levaram ao surgimento de diversos ramos de estudo e ciências específicas. Estas necessitam de uma classificação, quer de acordo com sua ordem de complexidade, quer de acordo com seu conteúdo: objeto ou temas, diferença de enunciados e metodologia empregada.
      Leitura recomendada
      ANDER-EGG, Ezequiel. Introducción a lãs técnicas de investigación social: para trabajadores sociales. 7.ed. Buenos Aires Humanitas, 1978. Parte I, Capítulo 1.
      BARBOSA FILHO, Manuel. Introdução à pesquisa: métodos, técnicas e instrumentos. 2.ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1980, Parte I, Capítulos 1 e 2.
      BUNGE, Mário. La ciência, su método y su filosofia. Buenos Aires: Siglo Veinte, 1974a. Capítulo 1.
      BUNGE, Mário. La investigación científica: su estrategia y su filosofia. 5.ed. Barcelona: Ariel, 1976. Parte I, Capítulo 1, Parte III, Capítulo 9.
      CERVO, Amado Luiz, BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica: para uso dos estudantes universitários, 2.ed. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1978. Parte I, Capítulo 1.
      COHEN, Morris, NAGEL, Ernest. Introducción a la lógica y al método científico.2.ed. Buenos Aires: Amorrortu, 1971.v.2. capítulo 2, Item 5.
      GALLIANO, A. Guilherme (Org.). O método científico teoria e prática. São Paulo: Harper& Row do Brasil, 1977. Capítulo 1.
      GOODE, William J., HATT, Paul K. Métodos em pesquisa social.2.ed. São Paulo: Nacional, 1968. Capítulos 1,2,3 e 4.
      HEGENBERG, Leônidas. Explicações científicas: introdução à filosofia da ciência.2.ed. São Paulo: E.P.U/EDUSP, 1973. Capítulo 2.
      HIRANO, Sedi (Org.). Pesquisa social: projeto e planejamento. São Paulo: T.A. Queiroz, 1979, Parte I, Capítulo 1.
      KOCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica. 3 ed. Caxias do Sul: UCS; Porto Alegre: EST, 1979. Capítulos 1 e 2.
      MORGENBESSER, Sidney (Org.). Filosofia da ciência. 3 ed. São Paulo: Cultrix, 1979. Capítulo 1.
      NAGEL, Ernest. La estructura de la ciência: problemas de la lógica de la investigación científica. 3 ed. Buenos Aires: Paidós, 1978. Capítulo 1.
      NERICI, Imídeo Giuseppe. Introdução à lógica. 5 ed. São Paulo: Nobel, 1978. Parte II, Capítulo 10.
      PARDINAS, Felipe, Metodologia y técnicas de investigación en ciências sociales. México: Siglo Veinteuno, 1969. capítulo 2.
      RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. São Paulo: Atlas, 1979. Capítulos 4,5 e 6.
      SOUZA, Aluísio José Maria de et. Al. Iniciação à lógica e à metodologia da ciência. São Paulo: Cultrix, 1976. Capítulo 1.
      TRUJILLO FERRARI, Alfonso. Metodologia da ciência. 2 ed. Rio de Janeir: Kennedy, 1974. Capítulo 1.
   Fonte:http://www.artengeconstrutora.com.br/imo_forest.htm#



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