domingo, 17 de novembro de 2013

MARK PAGEL: COMO A LINGUAGEM TRANSFORMOU A HUMANIDADE _ o texto abaixo é transcrição da legaenda do vídeo falado em English no TED.


Assim, ele diz conforme a legenda do vídeo: _ cada um de vocês possuem o traço mais mais poderoso, perigoso e subversivo que a seleção natural já projetou. É uma parte da tecnologia áudio-neural para programar as mentes das outras pessoas. Eu falo da linguagem, é claro, pois ela permite implantar um pensamento de sua mente diretamente na mente de outra pessoa, e elas podem tentar fazer o mesmo com você, sem que nenhum de vocês tenham que fazer uma cirurgia. Em vez disso, quando você fala, está na realidade utilizando uma forma de telemetria não muito diferente do controle remorto de sua televisão. Só que, este dispositivo utiliza pulsos de luz infla-vermelha, sua linguagem utiliza pulsos, pulsos discretos de som. E assim como você utiliza o controle remorto para alterar ajustes internos da televisão para ajustar-se à sua vontade, você utiliza sua linguagem para alterar os ajustes do cérebro de outras pessoa para ajustar-se aos seus interesses.
Linguagens são genes falando, conseguindo o que querem. E imagine o senso de maravilha de um bebê quando descobre pela primeira vez, que só preferindo um som, ele pode conseguir que objetos se movam pelo quarto como por mágica, e talvez mesmo até sua boca. Agora, o poder subversivo da linguagem é reconhecido através das eras na censura, em livros que não podemos ler, frases que não podemos usar e palavras que não podemos dizer. Na verdade, a história bíblica da torre de Babel é uma fábula e um aviso sobre o poder da linguagem. Conforme esta história, os primeiros seres humanos desenvolveram o conceito que, utilizando sua linguagem para trabalharem juntos, eles poderiam construir uma torre que levaria todos até o céu. Então Deus, irritado com essa tentativa de usurpar o seu poder, destruiu a torre, e a seguir, para assegurar que ela nunca mais fosse reconstruída, Ele espalhou as pessoas dando-lhes diferentes línguas. Confundi-as dando línguas diferentes. E isso nos leva à maravilhosa ironia de que nossas línguas existem para evitar que nos comuniquemos.
Mesmo hoje, sabemos que existem palavras que não podemos usar, frases que não podemos dizer, porque se o fizermos, podemos ser criticados, presos, ou mesmo mortos, e tudo isso por um sopro de ar emanando de nossas bocas. Então, toda essa confusão sobre um só de nossos traços nos diz que é algo que vale a pena explicar. E essas são as razões de como e porque esse notável traço evoluiu, e porque ele evoluiu somente em nossa espécie? É um tanto surpreendente que para conseguir a resposta para esta pergunta, tenhamos que ir para a utilização de ferramentas pelos chipanzés. Então, esses chipanzés utilizam ferramentas e tomamos isso como um sinal de sua inteligencia. Mas se fossem realmente inteligentes, por que eles utilizariam um graveto para extrair os cupins do solo em vez de uma pá? E se estes fossem realmente inteligentes, por que eles quebrariam as castanhas com uma pedra? Por que eles não vão a uma loja e compram um saco de castanhas que alguém já quebrou para eles? Por que não? Quer dizer, isso é o que fazemos. Então, a razão de os chipanzés não fazerem isso é que eles não tem o que os psicólogos e antropólogos chamam de aprendizado social. Parece que não tem a habilidade de aprender com os outros pela cópia ou imitação ou simplesmente pela observação. Como resultado, eles não podem improvisar a ideia dos outros ou aprender com os erros dos outros beneficiarem-se da sabedoria dos outros. E assim eles só fazem a mesma coisa todas as vezes.
De fato, podemos avançar um milhão de anos e voltar e esses chipanzés estarão fazendo a mesma coisa com os mesmos gravetos para os cupins e as mesmas pedras para quebrar as castanhas. Agora, isso pode parecer arrogante, ou mesmo cheio de presunção. Como sabemos disso? Porque era isso o que exatamente os nossos ancestrais, os Homo Erectus, faziam. Esses macacos eretos evoluíram na savana africana cerca de dois milhões de anos atrás, e fizeram machados manuais esplendidos que se ajustam maravilhosamente às suas mãos. Mas se verificarmos os registros fosseis, vemos que faziam o mesmo machado manual repetidamente por um milhão de anos. Você pode verificar isso nos registros fósseis. Agora, se fizermos algumas suposições de quanto tempo vivia um Homo Erectus, quanto tempo vivia sua geração, seriam aproximadamente 40.000 gerações de pais e filhos, e outros indivíduos assistindo, e nas quais o machado manual não mudou. Não fica nem mesmo claro se nossos parentes genéticos próximos, os Neandertais, possuíam aprendizado social. Com certeza, suas ferramentas eram mais complicadas que aquelas do Homo Erectus, mas ela também mostraram pouquíssima mudança nos quase 300.000 anos, aproximadamente que essa espécie, os Neandertais, viveram na Eurásia.
Ok, então o que isso nos diz é que, ao contrário do velho provérbio, “macaco vê, macaco faz”. A surpresa realmente é que todos os outros animais na verdade não podem fazer isso--- pelo menos não muito. E mesmo nesta fotografia existe a suspeita de ser preparada-- como algo do circo Barnum & Bailey. Mas por comparação, nós podemos aprender. Podemos aprender por observar outras pessoas e copiar ou imitar o que elas podem fazer. Podemos então escolher, dentre uma gama de opções, a melhor. Podemos nos beneficiar as ideias dos outros. Podemos construir por sobre sua sabedoria. E como resultado, nossas ideias realmente se acumularam, e nossa tecnologia progride. E essa adaptação cultural cumulativa, como chama os antropólogos essa acumulação de ideias é responsável por tudo ao nosso redor no seu movimentado e coletivo dia a dia. Quero dizer que o mundo cresceu fora de qualquer proporção a qual possamos reconhecer mesmo 1.000 a 2.000 anos atrás. E tudo isso por conta da adaptação cultural cumulativa. As cadeiras que sentamos as luzes desse auditório, meu microfone, os ipads e ipods que vocês levam consigo tudo é um resultado da adaptação cultural cumulativa. Agora, para muitos comentaristas a adaptação cultural cumulativa, ou aprendizado social, aconteceu fim da história. Por isso temos prosperado da maneira que nenhuma espécie fez. De fato, nós podemos mesmo fazer as “coisas da vida” --- como disse todas as coisas ao nosso redor. Mas na verdade, verifica-se que em algum momento cerca de 200.000 anos atrás quando nossa espécie surgiu e adquiriu o aprendizado social, foi realmente o começo da nossa história. Não o fim da nossa história. Pois nossa aquisição do aprendizado social criara um dilema social e evolucional, em qual a resolução de cada um, é justo dizer determinaria não só o caminho futuro de nossa psicologia, como o caminho futuro do mundo inteiro. E mais importante para isso, nos dirá porque temos a linguagem. E o motivo pelo qual o dilema surgiu é que esse aprendizado social é roubo visual. Se posso aprender observando você, eu posso roubar suas melhores ideias, e posso me beneficiar de seus esforços, sem ter que colocar o tempo e energia que você teve para desenvolvê-los. Se eu puder ver que isso isca você usa para fisgar um peixe, ou ver como você lasca seu machado manual para torná-lo melhor, ou se eu segui-lo secretamente para sua mata de cogumelos, posso me beneficiar de meu conhecimento, sabedoria e habilidades, e até talvez fisgue aquele peixe antes de você. O aprendizado social é realmente um roubo social. E qualquer espécie que o adquira, faria com que o seu comportamento fosse esconder suas melhores ideias, antes que alguém as roube de você. E em algum momento 200.0000 anos atrás, nossa espécie se confrontou com essa crise. E nós realmente temos duas opções para lidar com esses conflitos que o roubo visual traria.
Uma dessas opções é que poderíamos nos retrair a pequenos grupos familiares. Por que assim os benefícios e nossas ideias e conhecimentos fluiriam somente para nossos parentes. Se escolhermos essa opção, em algum momento 200.0000 anos atrás, nós provavelmente ainda viveríamos como os Neandertais quando entraram na Europa 40.000 anos atrás. E isso por que em pequenos grupos surgem menos ideias, a menos inovação. E pequenos grupos são mais propensos a acidentes e má sorte. Assim, se escolhêssemos essa trilha, nosso caminho evolucionário nos levaria para a floresta -- e seria realmente muito curto. Outra opção que poderíamos escolher seria desenvolver um sistema de comunicação que nos permitisse compartilhar ideias e cooperarmos uns com os outros. Escolher essa opção, significaria que o grande deposito de conhecimento e sabedoria acumulado estaria disponível para qualquer indivíduo que surgisse de qualquer família individual ou uma pessoa por si própria. Bem, escolhemos a segunda opção, e a linguagem é o resultado. A linguagem evoluiu para resolver a crise do roubo visual. A linguagem é uma peça da tecnologia social para aumentar os benefícios da cooperação – para se fechar contratos, para se fazer acordos e para coordenar nossas atividades. E você pode ver isso, em uma sociedade em desenvolvimento que está começando a adquirir a linguagem, não ter uma linguagem seria como um pássaro sem asas. Assim como a abertura das asas abre uma esfera de ar para os pássaros utilizarem, a linguagem abriu a esfera da cooperação para os humanos utilizarem. E nós desprezamos completamente isso, pois somos uma espécie que está tão à vontade com a linguagem. Mas temos que perceber que mesmo os simples atos de trocas que fazemos são completamente dependentes da linguagem. E para vermos porque, considere dois cenários do início de nossa evolução. Imaginemos que você seja muito bom para fazer pontas de flecha mas é incompetente para fazer o corpo da flecha em madeira com as penas colocadas. Duas outras pessoas que você conhece são muito boas em fazer corpo da flecha, mas são muito ruins em fazer pontas de flechas. Então o que você faz é – uma dessas pessoas ainda não adquiriu a linguagem.
E suponhamos que a outra seja boa nas habilidades de linguagem. Então o que você faz um dia é pegar uma pilha de pontas de flecha, e caminhar até aquele que não consegue falar bem, e colocar as pontas de flecha aos pés dele, esperando que ele entenda a ideia de que você quer trocar as pontas de flecha por flechas acabadas. Mas ele olha para as pinhas de pontas de flecha, pensando ser um presente, as apanha, sorri para você e vai embora. Agora, você o persegue gesticulando. Segue-se uma briga e vocês é esfaqueado com uma de suas próprias pontas de flecha. Ok, repita essa cena agora, e você se aproxima daquele que possui uma linguagem. Você coloca suas pontas de flecha e diz, “ Gostaria de trocar essas pontas de flechas acabadas. Divido com você 50/50.” O outro diz, “Tudo bem. Para mim está bom. Faremos isso.” Agora terminou a negociação. Uma vez que possuímos a linguagem, nós podemos colocar nossas ideias e cooperar para alcançar a prosperidade que não poderíamos ter antes de adquiri-la. E eis o porque de nossa espécie, ter prosperado ao redor do mundo enquanto os outros animais estão atrás das grades nos zoológicos definhando. Esse é o porquê de construirmos ônibus espaciais e catedrais enquanto o resto do mundo fura o chão com gravetos para extrair cupins. Certo, se essa visão de linguagem e seu valor na resolução de crises de roubo visual é verdadeira, qualquer espécie que a adquira deve demonstrar uma explosão de criatividade e prosperidade.
E isso é exatamente o que os registros arqueológicos mostram. Se olharmos os nossos ancestrais os Neandertais e o Homo Erectus, nossos ancestrais imediatos, eles estão confinados a pequenas regiões do mundo. Mas quando nossa espécie surgiu cerca de 200.000 anos atrás, algum tempo depois nós rapidamente caminhamos para fora da Africa e nos espalhamos para o mundo inteiro, ocupando quase todos os habitats da Terra. Onde outras espécies estão confinadas a lugares para os quais seus genes se adaptaram, com aprendizado social e linguagem, pudemos transformar o ambiente para se ajustarem as nossas necessidades. E então prosperamos de uma maneira que nenhum outro animal conseguiu. A linguagem realmente é o mais potente traço que já evoluiu. É o mais valoroso traço que temos para converter nossas terras e recursos em mais pessoas e seus genes do que a seleção natural projetou. A linguagem realmente é a voz dos nossos genes. Agora, uma vez que a linguagem evoluiu, nós fizemos algo estranho, e mesmo bizarro. Conforme nos espalhamos ao redor do mundo, desenvolvemos milhares de linguagens diferentes. Atualmente, existe cerca de sete ou 8.000 línguas diferentes na Terra. Você pode dizer, bem isso é natural. Conforme divergimos, nossas linguagens naturalmente vão divergir. Mas o real mistério e ironia é que a maior densidade de linguagens diferentes na Terra é encontrada onde as pessoas estão bem mais juntas. Se formos a ilha de Papua Nova Guiné, podemos encontrar 800 a 1000 línguas humanas distintas, línguas humanas diferentes, faladas somente na mesma ilha.
Há lugares nessa ilha que você pode encontrar uma nova língua a cada duas ou três milhas. Agora, por incrível que pareça, eu certa vez encontrei um homem de Papua, e perguntei se isso poderia ser verdade. E ele me disse, “ Oh não. Elas estão mais próximas do que isso.” E, é verdade; Há lugares naquela ilha que se pode encontrar uma nova linguagem a menos de uma milha. E isso também é verdade para algumas remotas ilhas oceânicas. Então parece que usamos nossa linguagem, não só para cooperar, mas para desenhar anéis em torno de nossos grupos cooperativos e para estabelecer identidades, e talvez para proteger nosso conhecimento, sabedoria e habilidades da curiosidade dos outros. E sabemos disso pois, quando estudamos os diferentes grupos de linguagens e os associamos as suas culturas, vemos que diferentes linguagens reduzem o fluxo de ideias entre os grupos. Elas reduzem o fluxo de tecnologias. E mesmo reduzem o fluxo de genes. Agora, eu não posso falar por vocês, mas parece que é o caso que não conseguimos ter sexo com pessoas que não conseguimos falar. Mas temos que levar em conta, porém, contra as evidências que ouvimos que podem ter havido alguns desagradáveis encontros genéticos com os Neandertais e o Denisovamos. Ok, essa é uma tendencia que temos, parece ser uma tendencia natural que temos, para o isolamento, para nos mantermos para nós mesmos, se contradiz fortemente no mundo moderno. Essa notável imagem não é um mapa do mundo. Na verdade, é um mapa das amizades no Facebook. E quando se marca essas ligações de amizades por sua latitude e longitude, literalmente se desenha o mapa do mundo. Nosso mundo moderno está se comunicando consigo mesmo e com cada um mas do que já fez a qualquer tempo no passado.
E essa comunicação, essa conectividade em volta do mundo, essa globalização agora trás seu ônus. Uma vez que essas diferentes linguagens impõe uma barreira, como acabamos de ver, na transferência de bens e ideias e tecnologias e sabedorias. E elas impõe uma barreira de cooperação. E em nenhum lugar se vê mais claramente do que na união Europeia, cujos 27 países membros falam 23 línguas oficiais. A união europeia gasta hoje mais de um bilhão de euros anualmente traduzindo entre suas 23 línguas oficiais. É algo na ordem de 1,45 milhões de dólares somente em custos de tradução. Agora, pense no absurdo dessa situação. Se 27 indivíduos desses 27 estados membros sentarem-se em volta da mesa, falando 23 línguas, uma simples matemática nos dirá que será necessário um universo de 253 tradutores para atender cada par de possibilidades. A união europeia emprega um corpo permanente de mais de 2.500 tradutores. E somente em 2007 - - e estou certo que existem números mais recentes - - algo na ordem de 1,3 milhões de páginas foram traduzidas somente para o inglês. E então a linguagem realmente é a solução para a crise do roubo visual. Se a linguagem realmente é o conduíte de nossa cooperação, a tecnologia que nossa espécie desenvolveu para promover o fluxo livre de ideias, esse nosso mundo moderno, nos confrontamos com uma pergunta.
E a pergunta é se nesse mundo moderno e globalizado podemos realmente suportar ter todas essas diferentes linguagens. Colocando de outra maneira, a natureza não conhece outra circunstancia na qual traços funcionais equivalentes não existem. Um deles sempre leva o outro à extinção. E vemos essa inexorável marcha para padronização. Existem muitas e muitas maneiras de medir as coisas - - pesá-las e medir seu cumprimento - - mas o sistema métrico está ganhando. Existem muitos e muitos meios de medir o tempo, mas um sistema realmente bizarro de base 60 conhecidos como horas, minutos e segundos é quase universal ao redor do mundo. Existem muitas , muitas maneiras de gravar CDs e DVDs, mas todas elas estão padronizadas também. E você provavelmente pensa em muitas, muitas mais em sua própria vida cotidiana. E então nosso mundo moderno agora nos confronta com um dilema. E esse dilema que esse homem chines enfrenta, cuja língua é falada pelo maior numero de pessoas do mundo do que outra única língua, e ele está sentado em frente a um quadro negro, convertendo frases em chines para frases em inglês. O que isso faz é aumentar a possibilidade para nós que nesse mundo no qual queremos promover cooperação e troca, e num mundo que deve ser mais dependente do que nunca da cooperação para manter nossos níveis de prosperidade, sua ação nos sugere que seja inevitável que tenhamos que confrontar a ideia que nosso destino deve ser um mundo com uma linguagem. Obrigado.

Atenção: O texto abaixo é a transcrição da legenda em português do vídeo, em que foi publicado a palestrara de MARK PAGEL, proferida em English. Em: http://www.ted.com
 

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A origem da Linguagem

A origem da linguagem é uma das questões que mais tem preocupado o espírito humano. Desde remota antiguidade, vem sendo discutida pelos sábios, sem que até agora hajam chegado a um acordo.
Justifica-se esse empenho por causa do papel importante que a linguagem exerce em todas as manifestações da vida humana. Não é, pois, sem razão, que se tem atribuído à palavra origem divina.
O instinto de sociabilidade, mais imperioso na espécie humana que nos outros animais, não encontraria expressão adequada ou mesmo se anularia, se não existisse a linguagem. Com efeito, a existência em comum supõe a fixação de umas tantas normas ou regras, que cada pessoa é obrigada a respeitar, para que o embate dos interesses antagônicos não prejudique a boa harmonia que deve existir no seio da coletividade humana.
Como, porém, estabelecer essas normas, sem um contrato ou acordo prévio, por outras palavras, sem a linguagem?
As grandes realizações da inteligência, que enchem de assombro os séculos, não seriam possíveis sem a linguagem, porque é ela que transmite a cada geração nova as conquistas das gerações anteriores.
São ainda muito espessas, à míngua de dados esclarecedores, as trevas que envolvem a questão da origem da linguagem. As hipóteses surgem, assoberbam por um instante os espíritos, em seguida desaparecem, dando lugar a outras hipóteses. Entretanto, ignora-se até hoje se, nos primórdios da humanidade, havia uma língua única (Trombetti) ou multiplicidade de línguas (Pott, Schleicher e Frederico Muller).
A ciência moderna inclina-se para a hipótese de que a linguagem é de criação humana. Nem isto importa negação da existência de Deus, porque, plasmando o homem, poderia ele ter-lhe dado a capacidade de criar a linguagem. Ao menos assim pensava S. Basílio.
No que não estão acordes os partidários desta hipótese, é na maneira por que o homem adquiriu a linguagem. Renan, por exemplo, assevera que a sua aquisição foi instantânea e de um só jacto, no gênio de cada raça. Outros, e estes constituem a maioria, afirmam que a criação da linguagem pelo gênero humano se operou gradual e lentamente.
De conformidade com esta última opinião, começou o homem primitivo a se exprimir por interjeições, indicativas dos sentimentos que lhe despertava a visão das coisas concretas, e pela imitação dos ruídos dos seres ou animais que se lhe deparavam, numa palavra, pela onomatopéia. 
Fonte: http://www.cienciashumanas.com.br/resumo_artigo_1228/artigo_sobre_origem_da_linguagem